28
Set07
Isto Serve Para Quê? - Toca a Ganhar
condutoras de domingo
Um dos escândalos da semana foi o facto da apresentadora do “Toca a Ganhar” ter dito um palavrão em directo. Quer dizer, o grande escândalo foi a apresentadora do “Toca a Ganhar” ter dito um palavrão em directo... e alguém ter ouvido. Custa a crer que alguém consiga ver o programa mais do que 25 segundos, sem que fique com lesões cerebrais graves e irreversíveis.
De qualquer forma, até devíamos estar todos contentes por ter saído um palavrão a meio do discurso. Se tivermos em conta o nível de eloquência dos apresentadoras deste programa, um palavrão até revela alguma elevação literária.
Andreia Rodrigues, moça vedeta do “Toca a Ganhar”, foi chamada a justificar a gravíssima atitude. Ela garante não se ter apercebido de nada. Nas suas palavras: “sei que estava no camarim, chamaram-me e fui a correr. Bati em alguma coisa e magoei-me numa perna. Poderá ter saído…” Lá está, o álibi típico de todo e qualquer culpado que tenta, em desespero, ser considerado inimputável: amnsésia súbita, não se lembram de nada. Ou isso ou aquela desculpa do “ia só defender o Quaresma”.
Mas tanta celeuma afasta-nos da questão principal. O que é grave não é o vernáculo usado por uma modelo que degenerou em telefonista, contrariando o previsível destino de actriz de novela, nem tão pouco o pleonasmo gigante com que nos brinda a sua colega de profissão, Liliana, que por sua vez, passou ao lado duma carreira brilhante de ex-concorrente do Big Brother e carjacker.
A gravidade está no facto de haver um directo pela madrugada dentro em que estas senhoras se dedicam apenas e só a “encher chouriços”. E com muito pouca arte. Digamos que, na área dos enchidos, não seriam certamente chouriços de Portalegre.
A pergunta que lanço é: para quê? Quem é que a essa hora precisa de entretém? (se é que pensar obsessivamente em apelidos com S, quando Salema e Silva já saíram, pode ser considerado diversão). Já existem há anos serviços para entreter pessoas a essa hora, e também envolvem telefones. Consta que nunca tiveram razão de queixa. Para quê alargar o leque de oferta?
É preciso denunciar a culpada de tudo isto. Duas palavras apenas: Iva Pamela, ah pois é. Eu sei que hoje em dia dá pelo nome de Iva Domingues e tenta ocultar o seu passado, mas não conte comigo para esquecer! Foi ela a pioneira dum inocente “Quem quer ganha” às cinco da tarde, ateando fogo a uma nação sedenta de euros em troco de grandes descobertas; como: “qual o país da princesa Diana?”. Ajudadas, claro, por pequenas pistas: “começa em I e acaba em Terra.”
Rapidamente as cinco madrugadas da TVI passaram a sete, para que ninguém se sinta sozinho ao fim-de-semana, e a epidemia propagou-se à estação do lado, que foi a correr buscar um Quimbé (não é uma espécie exótica, é mesmo uma pessoa) e umas amigas para fazer um programa com o mesmo interesse e elevação. Agora, todos os buracos na grelha são ocupados por este call center gigante e quase tão monocórdico como o toque de chamada em espera da EDP. Basta ver Fernando Rocha com chapéu de mexicano a atender telefonemas antes do telejornal para temer que o próprio noticiário passe, muito em breve, a ser feito por espectadores que ligam para tentar adivinhar quantos objectos vai a ASAE apreender na próxima reportagem.