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Condutoras de Domingo

Elas em contramão, sempre a abrir, pelos acontecimentos da semana.

Elas em contramão, sempre a abrir, pelos acontecimentos da semana.

Condutoras de Domingo

29
Jun08

Choque Frontal - Vale e Azevedo

condutoras de domingo

É sempre uma tristeza quando percebemos que os filmes nos andam a enganar. Sempre imaginámos a vida de fugitivo como difícil. Naquele filme do Harrison Ford, o pobre senhor fartava-se de correr e sofrer. Mas, afinal, parece que não é bem assim. Que não é preciso ficar numa caverna a comer milho enlatado e a ler Nova Gente velhas, qual Osama Bin Laden. Olhe-se para Vale e Azevedo, que até conseguiu engordar uns quilitos e ficar com um ar mais saudável. Assim sim, vale a pena fugir-se à justiça, até nos parece uma carreira de futuro. Consiste basicamente em andar em carros de luxo, ver umas partidas de ténis e ir a uns restaurantes. Pronto, é preciso um ou outro frete de gritar com o Rodrigo Guedes de Carvalho – mas qual de nós não mandou uns berros para a televisão quando vê aquele pivot demasiadamente bronzeado a fazer piadas?
Em directo para a televisão, Vale e Azevedo mostrou-se um homem aborrecido. E, lá está: um fugitivo devia estar, isso sim, angustiado. Mas o ex-Presidente do Benfica não chega a tanto e está apenas aborrecido, qual dona de casa maçada porque não usou Calgon em todas as lavagens. Diz que se recusa a ir para Portugal pelo próprio pé para ser preso, que têm de o vir buscar a Londres. Até aqui demonstra ter um coração grande: quer que a polícia portuguesa viaje. Que aproveite para fotografar o render da guarda em Buckingam e para comprar um globo com neve e o Big Ben. No fundo, que venham espairecer – que Vale e Azevedo até abdica de acumular mais milhas de passageiro frequente.
O fugitivo aproveitou também para dizer que já foi a tribunal mais de 500 vezes, algo que está ao nível de entrar no Guiness. E é aqui que vemos que ainda estamos perante um português comum, como nós. Para lá do Bentley, do iate e da mansão ao lado do Abramovich, continua alguém que só quer bater um record, como o povo de Santo Tirso que faz trouxas-de-ovos com 120 gemas.
 

22
Jun08

Choque Frontal - Metais

condutoras de domingo

Durante muitos anos, o grande problema para se entrar numa discoteca eram os porteiros. Implicavam com os ténis, com o cabelo, com a farpela que escolhemos com tanto gosto dentro da gama “toiletes para sair à noite”. A partir de agora, além de termos de cair na boa graça do senhor gigante que está à porta a brincar aos Mussollinis, também vamos ter de passar no detector de metais. Dentro dos próximos dois meses, os estabelecimentos de restauração ou bebida com salas de dança terão de colocar detectores de armas, substâncias e outros objectos proibidos. Não nos parece mal que passem a ser obrigatórios os detectores de metais nas discotecas. Assim vemos logo quem é que tem chapas de metal algures no corpo ou – simplesmente - aparelho nos dentes daqueles que não se vêem bem nas luzes a piscar do Lux. O problema é se isto se tornar na mesma chatice que é nos aeroportos, onde os detectores apitam mesmo quando já estamos em cuecas a fazer o pino em frente ao segurança, que mesmo assim insiste em perguntar se não temos mesmo trocos em lado nenhum. Aliás, o melhor é acabar mesmo com os trocos, que daqui para a frente não vão mesmo dar jeito nenhum . Azar para os arrumadores de carros, eles que passem a aceitar Visa. Mas nesta lógica de aeroporto, qualquer dia não podemos entrar com líquidos dentro das discotecas– até porque eles querem mesmo é que a malta consuma os que estão lá dentro. A medida dos detectores de metais visa, como é óbvio, prevenir a entrada de armas dentro das discotecas. O que é coisa que vai tirar um certo grau de tradição pitoresca à noite do Porto, mas paciência. Agora o que nos preocupa é que ninguém esteja a tomar medidas parar prevenir outros tipos de violência, como a de ter de ouvir Bob Sinclair ou de levar com a boca “doeu quando caíste do céu, meu anjo”. Para quando detectores que nos protejam disso?

08
Jun08

Choque Frontal - Mourinho

condutoras de domingo

O que é que uma pessoa faz quando aprende alguma coisa nova? Exibe-a para os amigos. Claro. Depois do curso de vela, leva todos a velejar. Nem que para isso seja preciso roubar um veleiro. Depois do workshop de origami, oferece esculturas em papel à família toda, depois da formação de primeiros socorros faz reanimação a toda a gente, mesmo àquela senhora que só estava a passar pelas brasas no comboio. Isto é natural, todos temos vontade de mostrar o que valemos. Mas esta necessidade aumenta exponencialmente quando falamos do Special One. Obviamente. Por isso não me espantou aquilo que se passou na conferência de imprensa do Inter de Milão. José Mourinho estava a mostrar os seus dotes de italiano quando foi interrompido por jornalistas portugueses. É normal que se tenha recusado a responder-lhes na sua língua natal. Logo a seguir, abordado por jornalistas ingleses, não teve qualquer problema em falar na língua de Sua Majestade. Faz sentido! Passou largos meses a treinar o inglês no Chelsea, não quer desaprender agora dum momento para o outro. Falar português é uma coisa banal, qualquer um consegue – até os adeptos da selecção em Neuchatel! Aliás, o Special One nunca devia exprimir-se na língua de Camões, partilhada por treinadores de 2ª, como Carlos Queirós ou Jesualdo Ferreira. A partir daqui, e para marcar a diferença, acho que Mourinho devia dar conferencias de imprensa em Tagalog, Hindu, ou se quisermos uma coisa mais lusitana, mirandês. É o mínimo. A única coisa que realmente me preocupa no meio disto é a quantidade de tempo livre que Mourinho teve, nestes longos meses de desempregado. De certeza que o Curso Prático de Italiano só lhe ocupava as manhãs. Os dias eram longos e Mourinho aprendeu de certeza uma data de outras coisas que agora vai querer pôr em prática. Costura e bordados, por exemplo. As lojas de Milão podem já riscar o treinador da lista de clientes, porque Mourinho vai passar a fazer os seus próprios fatos e sobretudos. Consta que também teve algumas aulas de cozinha. E é claro que não vão servir para fazer estufados para a mulher e os filhos. Special One que se preze exibe os seus dotes em público, por isso receio que da próxima vez que for jantar fora, Mourinho ponha o cozinheiro na rua e se encarregue de preparar o seu próprio soufflé de lagostim. Avizinham-se tempos difíceis para os jogadores do Inter, porque consegui apurar que Mourinho coleccionou os fascículos do Corpo Humano do Planeta Agostini e se sente agora capaz de tratar todas as lesões que surjam no plantel, com as suas próprias mãos. Escusado será contratar artistas para a festa de Natal, o treinador português aperfeiçoou muitíssimo o karaoke e apresentará em Dezembro o repertório. Só com músicas estrangeiras, claro. 

 

01
Jun08

Choque Frontal - Arroz no LIDL

condutoras de domingo

Quando entrávamos no LIDL já tínhamos normalmente a sensação de estar a pisar cenário de guerra. Para começar, aquela ausência de prateleiras. Em vez disso, temos uma espécie de trincheiras, com amontoados de latas de atum e pacotes de bolachas, misturados com sapatos de senhora em imitação de pele e camisolas interiores cinzentas. Fazendo lembrar claramente despojos duma batalha sangrenta. Depois, as fardas dos empregados também têm qualquer coisa de bélico. Nem sequer são em tons tropa, mas têm ar de já ter passado por muito. Quanto mais não seja, pela terrível guerra dos preços baixos, que deixa muitas nódoas. Por outro lado, há aquela turba louca de donas de casa desesperadas. Desesperadas por encontrar o detergente a 70 cêntimos anunciado na Dica da Semana. Agem como verdadeiros soldados, dispostas a morrer pelo tal Sonasol. O perigo de morte paira mesmo no ar. Sentimos isso quando estamos no corredor dos iogurtes, e podemos ser a qualquer momento abalroados por um carrinho desgovernado ou por um senhor de bigode que quer levar sete caixotes de sobremesas lácteas antes que esgotem. No LIDL oscilamos entre um clima de guerra fria (quando vamos buscar pizzas congeladas) e de guerra dos cem anos, quando ficamos nas filas intermináveis para pagar apenas uma lâmpada. Mas esta semana, mais do que nunca, sentimos que Portugal estava mesmo em guerra, quando entrámos neste supermercado. E porquê? Porque o arroz estava racionado! Medida tomada por causa da escassez deste cereal. A direcção do LIDL justificou-se, afirmando que o racionamento de 10kg por cliente não punha em causa o consumo das famílias nacionais. Nota-se bem que esta empresa é alemã. Porque em Portugal 10kg de arroz esgotam-se num instante. Um arroz de marisco ao pequeno-almoço, um arroz de tomate a meio da manhã, um arroz de pato ao almoço e um arroz de feijão a meio da tarde… 10kg de arroz já nem chegam para o jantar – um clássico arrozinho de atum. Esta medida durou pouco, porque o Governo obrigou o LIDL a suspender o racionamento. Ao mesmo tempo, a União Europeia pediu aos consumidores para não comprarem mais alimentos do que o necessário, para evitar a corrida aos alimentos. Isto é uma coisa impossível de pedir aos portugueses. A não ser que acabem com os termos “desconto” ou “leve 2 pague 1”. Porque enquanto estas promoções existirem, nós vamos sempre comprar artigos dos quais não precisamos. Como aqueles 3 pacotes de arroz basmati, cujo sabor até odiamos, mas acabamos por trazer só porque oferecem uma túnica indiana para criança. Óptima para os nossos filhos. Que nós por acaso não temos, mas podemos vir a ter.

25
Mai08

Choque Frontal - Feira do Livro

condutoras de domingo

Se o digníssimo ouvinte é fã de cenas de porrada, pode passar uma tarde a ver wrestling na televião. Ou ir ao cinema ver o filme novo de Jackie Chan e Jet Li, onde os dois asiáticos transformam piruetas-tipo-ginasta-russa em pancadaria. Ou, então, podem optar por ver porrada naquele que parece ser este ano o seu cenário ideal este ano: a Feira do Livro. Mas, para isso, avisamos já: é preciso gostar de lutas um bocadinho mais ao estilo do Jardim Infantil, com amuos, beicinhos e tiradas como “a bola é minha e eu agora levo-a para casa e mais ninguém pode brincar”. Quem diz bola, diz livro do Paulo Coelho em promoção.
Este fim-de-semana a Feira finalmente inaugurou, com a bênção da estátua sugestiva de Cutileiro. Mas a abertura esteve quase para não acontecer - tudo por causa do braço de ferro entre Leya e a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros. Calma, a Leya não é nenhuma camionista que faz uma perninha num bar de strip: é o nome de uma editora. Ou melhor, de uma super editora. Paes do Amaral resolveu brincar ao Monopólio e desatou a comprar à maluca algumas das principais casas livreiras do país, como a D. Quixote, a Asa, a Oficina do Livro e muitas outras. Resta apenas saber se, neste Monopólio, lhe calhou aquele célebre cartão de “ganhou o segundo prémio num concurso de beleza, pode ficar com mais 174 editoras e afundar o mercado”.
Um colosso como a Leya não quis estar junto com a ralé da Feira do Livro e exigiu um espaço próprio, com actividades próprias e (o choque! O horror!) barraquinhas próprias. E isso é muito ingrato: aquelas tendas de contraplacado SÃO a Feira! As pessoas só lá vão para verem se este ano são verde-alface com bicho da madeira ou rosa-choque com peçonha. Isso é muito mais fascinante do que saber que o Grande Dicionário Dos Hamsters Alpinos está a dois euros.
A discussão sobre a Feira durou semanas, até que a Câmara de Lisboa fez o que qualquer pai que vê o Dr. Phil faria: ameaçou cortar a mesada a toda a gente. Por artes mágicas, lá ficaram amigos e já nos podemos todos passear na Feira, entre Proust e travestis do Parque Eduardo VII. E a Leya vai ter mesmo barraquinhas diferentes – resta saber se não vão ser tão espalhafatosas que toda a gente as vai confundir com as roulottes dos churros.
 

18
Mai08

Choque Frontal - ET Phone Vaticano

condutoras de domingo

E ao sétimo dia… Deus criou os extraterrestres. Pelo menos, é isso que defende agora o Vaticano, ansioso por reivindicar os Direitos de Autor de todo o espaço sideral. O reverendo José Gabriel Funes, astrónomo chefe do Vaticano (sim, esta carreira de futuro existe mesmo) diz que os católicos podem acreditar à vontade em extraterrestres, porque eles não só não contradizem a ideia de Deus, como são mesmo uma prova da “liberdade criativa sem limites do Senhor”. Há pessoas que se divertem a fazer ponto-cruz ou a pintar naturezas-mortas: Deus dá azo à sua veia criativa fazendo extraterrestres. É um hobbie como outro qualquer e talvez um dia até façam a revista “Burda ET”. Esta notícia tem especial interesse se recordarmos que estamos em pleno rescaldo das peregrinações a Fátima, onde os vários milhares de pessoas que conseguiram não ser atropelados encheram o Santuário. Seria Nossa Senhora de Fátima, na verdade, um extraterrestre? Vejamos: pairava como um OVNI e emitia luz como o dedinho do ET. Além de que é sabido que os discos voadores aterram muitas vezes em milheirais – mas à falta de uma tradição agrícola de milho no nosso país, teve de se ficar por uma oliveira e pela produção da azeitona. No próximo feriado religioso, fica o aviso para a RTP 1: não voltem a passar aqueles filmes do Quo Vadis e dos Dez Mandamentos que já toda a gente viu. Passem antes os Ficheiros Secretos, que vai dar ao mesmo.

11
Mai08

Choque Frontal - Irlandeses

condutoras de domingo

Há combinações que não são boas. Toda a gente sabe disso. Entrecosto com vinho branco, meias com sandálias, futebolistas com arte renascentista… Enfim. Há muitas equações, e quanto mais elementos, mais complicadas ficam. Como esta, por exemplo: malta do Reino Unido + cervejas + crianças de colo + Algarve. Nós já conhecemos de cor esta combinação. E sabemos que o resultado normalmente é negativo. Dá sempre menos uma criança, no mínimo! Vou enunciar a fórmula, que faz lembrar aquelas pistas do cluedo: foi o Professor Brandão, com o candelabro na biblioteca. Foi o casal inglês McCann, na Praia da Luz, a perder uma filha, enquanto jantava no Tapas. Agora, é a vez do casal irlandês, McGukin, mostrar do que é capaz, em Vilamoura. Parece um Festival Eurovisão da Negligência. Os concorrentes da Irlanda conquistaram o melhor resultado, porque perderam os três filhos duma vez só. Estes felizmente foram apenas levados até ao Refúgio Aboim Ascensão, enquanto a mãe caía podre de bêbada no átrio do Hotel e o pai, inanimado, em cima de um sofá. Os vizinhos do casal, na Irlanda do Norte, dizem que eles são pais dedicados e que as crianças estão sempre felizes. Ninguém pôs isso em causa. Estamos nitidamente perante uma família contente. Quanto mais não seja, à custa de whisky e cerveja. A malta do Reino Unido sabe que há substâncias que ficam bem melhor que leite, dentro dos biberons. Nós gozamos muito mas estes progenitores são muito mais inteligentes que os portugueses. Acabaram por usufruir do Kids Service sem terem de pagar nada. Os miúdos foram levados em excursões e tudo. À GNR, ao Hospital, passaram uma noite no Refúgio… mais um bocadinho e iam ao Zoo Marine nadar com os golfinhos… Eamon e Antoinette McGukin é que já não gostam assim tanto de actividades culturais… Porque também eles tinham entrada gratuita no Tribunal de Família e Menores de Faro e resolveram dispensá-la. À hora marcada para a audiência já a família voava a caminho de casa. Talvez seja mais correcto dizer que a essa hora já usufruíam daquelas garrafinhas que se vendem a bordo! Pelo menos dentro do avião a probabilidade de perder algum dos 3 filhos é reduzida. A não ser que eles partam uma janela ou abram a saída de emergência. Mas nesse caso a responsabilidade é das hospedeiras, que não lhes prestaram atenção. Com isto tudo, os irlandeses passaram apenas dois dias em Portugal. O que não deixa de ser preocupante. Se todos começam a gozar destas férias relâmpago, a época alta dos hotéis vai durar menos duma semana, e os bares, pubs, caves de vinhos e supermercados em geral, vão falir. Por falta de clientela. Vai ser o fim de um bonito sonho chamado Allgarve.

04
Mai08

Choque Frontal - Mário Jardel

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Mário Jardel fez a revelação do ano: deixou o futebol por causa da droga. Depois disto, esperamos por manchetes bombásticas como “George Michael não gosta de meninas” ou “Michael Jackson já teve carapinha”. O jogador aponta o dedo às más companhias no Sporting. Nós sabemos quem o desencaminhou! Foi o fã nº1 do Super Mário, que achava que Jardel era mesmo o canalizador dos jogos da Nintendo. Paulinho, o famoso roupeiro do Sporting, fornecia-lhe doses cavalares, na esperança de o ver passar de nível. “Não sirvo de exemplo para criança nenhuma”, diz Jardel. Mas agora é tarde. Há milhares de crianças influenciadas por ele. Com aquela história do "conhecer os pássaros, voar como o Jardel sobre os centrais"... Pois é, há miúdos da pré-primária que já são cocainómanos, na esperança de serem iguais ao Jardel. Na sala da 1ª classe é gente menos old school, fazem só orgias em homenagem ao Ronaldo. A verdade é que até no campo amoroso Jardel ficou a perder. A sua Karen está agora nos braços dum hoquista, e toda a gente sabe como é duro ser trocado por desportos menores. É o mesmo que passar de Schummacher para Zé Nando, do tunning. Parece-nos que o jogador não está ciente dos malefícios da cocaína. É que ele diz: “Tirei um peso das minhas costas, deitei para fora o que tinha no coração”. Jardel: a droga circula pelo organismo todo, e não consta que dê muitas hérnias discais. O jogador só confia cegamente em 2 amigos: o empresário e Régis Rosing, jornalista, que curiosamente não o via há 13 anos. É, de facto, mais fácil manter estas amizades à distância. Para não estar por perto quando a ressaca passa. O jornalista está tão ou mais confiante que Jardel. Diz que ele até tirou todas as cervejas do frigorífico! E isto é uma prova redundante que alguém quer mudar de vida. Ou isso, ou que está a arrumar as prateleiras. Jardel contratou um preparador físico, um nutricionista e um médico. Feitas as contas isto vai sair-lhe mais caro que a sua dose diária. Daqui a uns anos virá para os jornais dizer que deixou a tentativa de regresso ao futebol por causa do vício da saúde. Arruinado por Personal trainers e dietistas. Todos sabemos que este é o verdadeiro problema de Jardel. Deixou o Porto para fugir às francesinhas, em Alvalade impuseram-lhe uma dieta tão restritiva que se refugiou na coca, por ser o mais parecido com açúcar que podia ingerir… E ainda mal refeito do susto, metem-no em Aveiro, onde o flagelo dos ovos moles já matou para cima duma dúzia. No meio disto tudo, perguntava “Será do Guaraná?” A atirar-nos areia para os olhos. Claro que não, toda a gente sabe que guaraná é pouco calórico. Tal como a cocaína. O mal do Jardel, tenho a certeza, foram os petiscos entre refeições.

 


27
Abr08

Choque Frontal - PSD

condutoras de domingo

Acho que depois do Canal Benfica devia apostar-se num Canal PSD. É que se o partido viveu até agora numa espécie de Roda da Sorte, conduzida por Menezes, com a ajuda da sua Rute Rita – Ribau Esteves, chega agora uma nova grelha de programação. Assistimos a um formato inovador, que mistura o Aqui Há Talento com os Ídolos. Mas eu acho que o ideal mesmo era fazer um reality show. Um misto de Big Brother e de Laranja Mecânica, com os candidatos a líder dentro duma casa, filmados 24h por dia, tal como no concurso de Teresa Guilherme, e sujeitos a um tratamento especial de reabilitação social, tal como no filme de Kubrick. Até às directas de 24 de Maio, os aspirantes a líder deviam dormir em camaratas, tomar banho em chuveiros colectivos, e ir ao confessionário. Já estou a imaginar. Aguiar Branco a dizer que não aguenta a pressão e quer sair da casa, depois de ter escrito com spray numa parede “Concelhia PSD Forever”. Rui Rio a votar em Manuel Ferreira Leite para sair da casa, dizendo que ela nunca colabora na lavagem da loiça. Manuela Ferreira Leite a querer saber pormenores sobre o prémio final, e a sua dedução nos impostos. Isto de cachecol do Sporting ao pescoço, pedindo ao irmão Dias Ferreira que lhe transmita, por aplauso, quanto ficou o Sporting-Marítimo. Imagino também Pedro Passos Coelho de pijama, a enviar beijos à família e aos amiguinhos da JSD. E, na minha opinião, o grande vencedor: Patinha Antão, fazendo o papel de Zé Maria, que em vez de falar com galinhas aceitou ser secretário de Estado das Finanças de Santana Lopes. O que a nível de discernimento simboliza mais ou menos a mesma coisa. Nestas coisas dos concursos as claques contam muito, e em estúdio estarão sempre Menezes, Marcelo Rebelo de Sousa e Santana Lopes. Até porque showbiz é com eles. Ainda assim, é pouco provável que discutam as tarefas dos residentes da casa, ou façam prognósticos sobre o resultado. É que Menezes ao fim de poucos minutos de conversa dirá “para mim chega, basta”, e perguntará se não pode entrar na casa. Marcelo levará com certeza uma pilha de livros para recomendar – todos os que Flor Pedroso não permite. De resto basta que alguém na plateia use uma t-shirt a dizer “Patinha Antão já és campeão” ou um cartaz com “Manuela dá-me o teu saia-casaco” para Santana Lopes se levantar e sair. Incomodado com a simples presença de treinadores de bancada, e com a utilização de gíria futebolística. Portanto, só mesmo o público poderá decidir quem é o novo líder do PSD. Nós não queremos ser facciosas mas… para votar em Patinha Antão ligue 6262, e recebe ainda um toque polifónico com o hino “Paz, pão, povo e liberdade”.

20
Abr08

Choque Frontal - Berlusconi

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Sabemos que uma saga cinematográfica está a chegar às ruas da amargura quando começa a ter demasiadas sequelas. E isto é especialmente verdade se estivermos a pensar nos filmes de terror. O primeiro Pesadelo Em Elm Street ou Carnificina no Orfanato podem não ser obras primas, mas é certo e sabido que o capítulo quatro ou oito e quinze ainda são piores. Até apostamos como um segundo crime da Maria das Dores não seria tão bom como o primeiro.
É mais ou menos isso que acontece com os regressos dos políticos: vai-se perdendo a pica. É a terceira vez que Sílvio Berlusconi assume o comando de Itália. Berlusconi é um homem polémico que é por vezes comparado com Santana Lopes. Parece-nos injusto – Berlusconi pode falar da sua vida sexual e usar mais botox do que a Cinha Jardim, mas nunca fingiu desistir da política por causa de um programa apresentado por João Baião. Para algumas pessoas, é difícil perceber porque raio votam ainda os italianos em Berlusconi. Será o queijo de búfala a subir-lhes à cabeça? Será o desespero por não terem Cicciolina como candidata? Será que é porque o Marco Bellini é que sabe? A nós parece-nos que a causa é outra: Berlusconi agrada aos italianos porque é o mais parecido que eles têm com uma rock star. Há que lembrar que são o país de Laura Pausini e Eros Ramazotti – se querem um Mick Jagger, Berlusconi é a única hipótese. Berlusconi já delimitou as suas prioridades para este mandato, entre elas resolver a crise do lixo de Nápoles e tratar daquilo que apelida de “exército do mal dos imigrantes”. Será que isto quer dizer que ele vai usar o lixo para o atirar à cabeça dos estrangeiros e os escorraçar? Era uma maneira de resolver logo os dois problemas. Parece que já estamos a ver Berlusconi, em plena fronteira, a atirar latas de feijão e cascas de banana a quem tenta entrar em Itália.

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Todos os domingos na Antena 3, entre as 11:00h e as 13:00h. Um programa de Raquel Bulha e Maria João Cruz, com Inês Fonseca Santos, Carla Lima e Joana Marques.

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Condutoras de Domingo é um programa da Antena 3. Um percurso semanal (e satírico) pelos principais assuntos da actualidade e pelo país contemporâneo.

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