Chuva
Segundo nos consta, o Criador prepara-se para lançar a segunda versão do dilúvio bíblico e anda a fazer ensaios. É que há 145 anos que não chovia tanto, em tão pouco tempo. A revelação foi feita não pelo próprio Deus ou por um qualquer arcanjo, mas pelo Instituto de Meteorologia, o que temos afinal, na Terra, de mais parecido com omnisciência divina.
O nível de precipitação recorde a que nos referimos – 62,9 mm - foi atingido em Lisboa no passado fim-de-semana. Mas alto lá! Se calhar, não nos devemos precipitar! Não se anunciam valores recorde assim, sem mais aquelas! A Natureza tem, decerto, muitos fenómenos e o PSD mais ainda. Alguém teve a preocupação de saber se este nível de precipitação inclui as lágrimas de crocodilo dos militantes do PSD pela demissão de Luís Filipe Menezes? E foi também há uma semana que decorreram os “Dias da Música” no Centro Cultural de Belém. Não se daria de os agudos de uma cantora mais cheiinha trespassarem o Oceanário e provocarem uma ruptura no tanque principal? E ponha-se ainda a hipótese de ter rebentado, finalmente, o saco das águas a José Carlos Malato! É que na Meteorologia, como em tudo, há que separar as águas. Realmente, só depois de estas hipóteses estarem completamente afastadas é que devemos avançar para a tese... do dilúvio. Fiquem atentos! Se virem uma barca a passar, rentinha à vossa janela, não é ninguém senão o próprio Noé, empenhado em recolher a bicharada para depois repovoar Lisboa: um casal de avestruzes, um casal de bichos-caretas...