Agarrado ao Pára-Choques - INEM
As condutoras de domingo andam pela estrada e não podiam ficar indiferentes à notícia de que há milhares de alertas falsos para o 112. Podíamos até aproveitar para mostrar como somos altruístas e preocupadas com o bem comum. É mentira. Esta é a rubrica mais egoísta de sempre - simplesmente pensámos: “e se for uma de nós a ter uma urgência?”. Aliás, foi o INEM que lançou a pergunta: “E se precisasse de uma ambulância e esta estivesse ocupada numa chamada falsa?". Eu diria que ficava lixada, mas a verdade é que se precisasse duma ambulância o mais provável era estar com pouca vontade de insultar alguém. Mas a campanha lançada pelo INEM está a centrar o problema nas pessoas erradas. Não interessam aqui as vítimas de acidentes e enfartes. Num estado muito mais grave que elas estão as pessoas que se lembram de ligar para o 112 para dizer umas piadas. E são mais de 60 por dia! Acho que já podemos falar numa patologia, que pode até inscrever-se na associação “Raríssimas”. Os sintomas mais comuns são: ausência total de sentido de humor e crises de ansiedade. Os indivíduos que sofrem desta disfunção são de tal forma inseguros que acham que as únicas pessoas que poderão achar-lhes graça são… enfermeiros do serviço nacional de saúde. Isto não passa, afinal, de um pedido de ajuda desesperado. Estas pessoas tiveram passados complicados, precisam duma palavra amiga. Entre os principais traumas contam-se: não terem sido muito aplaudidos no Levanta-te e Ri de Viseu, não terem conseguido ver os Extras do DVD António Sala – 40 anos de carreira, ou terem esgotado todas as anedotas sobre “cúmulos” que conhecem. E o mais assustador é que a população que sofre desta perturbação mental não é composta por crianças em idade escolar. Não. A grande maioria são adultos! Ora isto leva-nos a crer que às 4 da tarde, quando fecham os serviços administrativos de todo o país, há uma multidão de trabalhadores escondidos atrás da secretária, a ligar para o 112. Nós temos a solução para este problema: a criação do 113, uma linha de apoio aos humoristas falhados. Nesta linha, enquanto as chamadas estão em espera, podem ouvir-se excertos dos Malucos do Riso e aderir ao serviço de SMS do Fernando Rocha. E, o melhor de tudo: não vão obrigar nenhuma ambulância a sair ao engano. As únicas viaturas que terão o poder de accionar são: carros que anunciam o grandioso circo de Natal ou a Tourada de Montemor, e roullotes de churros e farturas. Porque isto vai de encontro às preferências destes – e vem aí trocadilho rebuscado – “Criativos Emergentes”!