Mínimos
Para Cheng Daman. O homem a quem a imprensa chama “jovem comerciante chinês”, apesar de ter 38 anos. Nós sabemos que a pele dos orientais se conserva sedosa até mais tarde mas nunca ouvimos chamar jovem comerciante português aos quarentões que têm lojas dos 300 na margem sul. Continuando! Cheng Daman tem uma loja em Almada, que como todas as lojas de chineses vende tudo e mais um par de botas. Daquelas com pilhas e luzinhas na sola. Entre as muitas encomendas que faz na China, Cheng mandou vir “600 relógios de brincar, coloridos, de valor muito reduzido”. Pensava ele! Aqueles relógios valeram-lhe uma passagem directa para o tribunal. Porque tinham a inscrição “Beckham”, que é uma marca registada e motivou um processo do jogador contra Cheng. E nós que pensávamos que o primeiro chinês a ser processado por um futebolista seria Paulo China! Quem sabe, depois dum desentendimento com Figo, a propósito do tempero dos hamburguers… Mas a estrela dos LA Galaxy antecipou-se, talvez imbuído da mania de processar tudo o que mexe, em terras americanas. David Robert Joseph Beckham foi chamado a depor em Lisboa, mas estranhamente não apareceu. O que foi pena, porque teria oportunidade de conhecer uma das poucas pessoas no Mundo que não sabe quem ele é. Cheng não fazia ideia que Beckham era uma marca, e muito menos um jogador. Disse só conhecer Adidas e Nike. Apostamos que daqui para a frente vai deixar de encomendar contrafacção da Ómega e da Swatch, com medo que sejam jogadores de futebol.
Médios
Para Manuel Ferreira. Um vendedor de bifanas que está em greve de fome há mais de 10 dias, em frente à Câmara Municipal de Sintra. Isto é um contra senso. Faz tanto sentido como a associação de homens estátua fazer uma marcha pela indignação, ou o sindicato dos mimos gritar palavras de ordem. Um homem cujo negócio é carne dentro de pão e decide não comer, está apenas e só a fazer má publicidade. E o mais provável é que nem resulte. Nós vimos um artigo sobre o presidente da Câmara de Sintra e percebemos que ele não é adepto dos snacks. A reportagem chama-se “A tasca e o babete de Fernando Seara”. O autarca conta a sua relação com o Cozido à portuguesa da Tasca do Manel, e narra o dramático episódio em que sujou uma gravata topo de gama, oferecida por Judite Sousa. Desde então, Seara usa sempre um babete do Benfica. Depois de vermos Alberto João Jardim vestido de Rei Sol e Santana Lopes com lenços à Axel Rose, esta foi a terceira figura política mais ridícula que registámos. Mas além disso, vem provar que Seara é homem de alimento, que não se satisfaz com uns pregos à beira da estrada. O sr. Ferreira queria apenas autorização para abrir durante a noite a sua roulote. Muito bem localizada, por sinal: no meio da mata do Cacém. O vendedor diz que durante o dia não rende porque não passa lá ninguém. Já de noite clientela não faltaria! Entre uma violação e um golpezito para sacar um rim, toda a gente sabe que a fome aperta.
Máximos
Para o padre brasileiro Adelir de Carli que partiu – literalmente – numa missão de beneficência. O padre queria recolher fundos para construir um santuário. Até aqui tudo bem, coisa normal do clero. Estranho é um homem de Deus acreditar que os meios justificam os fins! O meio escolhido por Adelir foram os balões de hélio. Podia ter optado por ingerir pura e simplesmente hélio e fazer a homilia com voz de Teletubbie. Mas não, resolveu ir mais longe e bater o recorde de voo com balões. Desconfiamos que as beatas da paróquia estavam fartas dos sermões do padre, porque todas ajudaram a encher balões e incentivaram a viagem, mesmo com chuva. Já vimos membros da Igreja deslocarem-se de forma original, desde os carros da procissão ao próprio papa mobile, mas imaginá-los agora voando com balões do Noddy é muito melhor. É caso para dizer que o padre pôde finalmente cantar “hosana nas alturas” com algum realismo. O pior é que este meio de transporte está mais sujeito a furos, e apesar dos 2 telemóveis e do GPS que levava, Adelir de Carli desapareceu sem deixar rasto. Antes de perder o contacto com as autoridades disse que estava a “perder altitude”. O que é revelador duma certa crise de vocação e não fica muito bem como “últimas palavras” de um padre. Nós esperamos que ele seja encontrado com vida, porque ainda queremos vê-lo fazer muitas viagens. Por exemplo, a travessia do oceano atlântico em barquinho de papel!