Mínimos
Para quem anda a fazer macumba ao Makukula. Já é demais! Tudo começou há uns meses, na estreia pela selecção. Um dia que devia ser de festa transformou-se numa data traumatizante, quando Makukula descobriu que não tinha levado… chuteiras. Isto parece aqueles pesadelos em que vamos a andar pela rua e de repente percebemos que estamos nus. Mas aí tudo passa quando acordamos. O caso de Makukula é bem mais grave. A maré de azar que o atacou não parece disposta a ir-se embora. Ainda mal refeito do episódio das chuteiras, o universo quis que fosse ele a esperança de 6 milhões de benfiquistas. Um rapaz que ainda ontem estava em Kinshasa a jogar ao pião, de repente transforma-se em D. Sebastião da Luz. Logo ele, que nunca prometeu golos, nem gosta de andar envolto em nevoeiro. Mas o karma do craque não fica por aqui. Esta semana desapareceram-lhe da conta 200 mil euros. O seu empresário, Ricardo Rodrigues, tinha-se oferecido amavelmente para os levantar e pagar a pronto um apartamento para o jogador. Já não pode uma pessoa ter boas intenções, que logo o Destino faz das suas. Assistimos a verdadeira magia negra, já que o agente diz ter sido sequestrado por 4 africanos, que o abandonaram de pés e mãos atadas na Estação de Alhos Vedros, e levaram o dinheiro de Makukula. A má sorte acabou aqui? Não. No dia seguinte o benfiquista viajou para Nuremberga, onde toda a equipa ficou meia hora pendurada, à espera dos seus champôs. Isso mesmo. Entre tantas malas, de tanto jogador metrossexual, só uma se extraviou. O pequeno necessaire do grande Makukula. Ao pé disto, o Mantorras é um homem sortudo. É caso para modificar o apelo, e pedir aos astros: “deixem jogar o Makukula!”.
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Médios
Para uma dona de casa algarvia que achou por bem, aos 57 anos, lançar-se na carreira de traficante de estupefacientes. Mais precisamente, anfetaminas vindas do Brasil. O pior nem foi isto. É que em certas profissões, como a de dealer, os meios justificam os fins. A finalidade da senhora é que foi totalmente errado! Uma coisa é vender droga para fazer as pessoas felizes, para se alhearem dos problemas, para verem unicórnios cor-de-rosa, para curar a ressaca, seja o que for. Agora, vender droga a outras senhoras de meia-idade para emagrecerem é apenas parvo! Toda a gente sabe que as viciadas em dietas são tão vulneráveis como as pessoas com dívidas, doentes, ou com filhos desaparecidos. Só que em vez de recorrerem a videntes africanos, recorrem a qualquer ervanária que as faça perder meio kg. Não vale a pena importar droga, basta dizer-lhes que o chá verde do Pingo Doce é miraculoso. Felizmente, a Polícia Judiciária, em mais uma operação com nome digno de novela – Operação Manter a Linha – acabou com este disparate. Apostamos que foi a primeira vez que uma rusga teve lugar não num bairro degradado, nem numa praia semi-deserta, mas sim num salão de cabeleireiro, ou numa boutique. Lugares privilegiados para este tráfico de anfetaminas. O modus operandis era simples. Esta doméstica de Lagos não tinha de fazer muito mais do que andar pela rua e esperar que lhe dissessem “ai está tão magra, como é que fez?”. O que podemos sugerir a esta senhora, que agora aguarda julgamento na prisão, é que se junte à Herbalife. Para quê complicar? O método é exactamente o mesmo e nem vai ter que andar aí a segredar pelos corredores da cadeia. Pode usar orgulhosamente um crachá a dizer “quer perder peso? Pergunte-me como!”, e quando sair em liberdade, terá um Porsche à sua espera. Equipado com o célebre autocolante “Trabalhe a partir de casa”.
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Máximos
Para Fidel Castro. Que finalmente percebeu que talvez estivesse na altura de se retirar. Demorou um bocadinho a chegar lá mas sempre ouvimos dizer que “depressa e bem não há quem”. Além do mais a rapidez não é uma das qualidades do comandante, como vimos ao longo dos anos nos seus discursos de 10 horas. De resto, nos últimos tempos as notícias que saíram sobre Fidel Castro assemelhavam-se mais a um Boletim Clínico do que a Notas de imprensa. Em 2001 desmaiou a meio dum desses concisos discursos, em 2003 estampou-se em pleno mausoléu do Che Guevara, em 2006 foi operado ao intestino… Por este andar, só havia duas notícias possíveis para saírem agora. Ou: “Fidel cai de um escadote ao tentar alcançar umas bolachas digestivas para molhar no leite”, ou: “Fidel renuncia à Presidência.” A verdade é que, depois de ter trocado o fato de guerrilheiro pelo fato de treino, o mais provável é que a próxima aparição do ditador fosse em pijama e roupão. Assim, tomou a decisão mais acertada, retirando-se para uma merecida reforma dourada. Agora vai poder fazer tudo o que fazem as pessoas da sua idade, em Cuba: ficar em casa à espera que passe o embargo dos EUA e possam curar as disenterias com coca-cola verdadeira, e não aquelas imitações cubanas. Apesar da sensatez da retirada, El Comandante avisou logo que vai continuar a publicar as suas reflexões nos jornais. Traçando um paralelo com o caso português, Fidel vai passar a ser uma espécie de Pacheco Pereira. Mas com argumentos um bocadinho mais fortes do que “ter o blog mais visitado do país”. O presidente demissionário já tem na calha o sucessor, que é, curiosamente, o seu irmão Raul. E comparando ainda os dois países, assim de repente, sentimos um enorme alívio por não conhecermos nenhum irmão a Alberto João Jardim.
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