Buzinão
O perfil empreendedor que Sócrates tanto desejava para Portugal está finalmente a revelar-se. A cada semana que passa, os portugueses estão a empreender novas formas de luta contra o aumento dos combustíveis! É certo que o buzinão não está propriamente na vanguarda da inovação tecnológica – ou sequer da arte do protesto – mas é sempre uma coisa que... pronto... vá... está mais à mão. A convocação do protesto para cerca das 18 horas da passada terça-feira obedeceu a dois critérios apertados no que toca a calendário: não podia calhar em dia de jogo importante nem à hora da bucha. Isso ajuda a explicar o sucesso da iniciativa. Ao mesmo tempo, foi possível amplificar o efeito do buzinão, apanhando pessoas que estavam, simplesmente, presas no trânsito. Alguns efeitos curiosos do buzinão fizeram-nos pensar noutras formulações possíveis para a Teoria do Caos. Sem borboletas que batem as asas e furacões na América. Se repararem, quando há um buzinão, aparece sempre alguém com uma bandeira da selecção nacional. E também ninguém compra produtos da Family Frost. E até apostávamos que se buzinássemos atrás da viatura oficial do Primeiro-Ministro, havia de saltar um isqueiro pela janela. De resto, é tudo ouvidos moucos. E para o protesto continuar a subir de tom, só vemos uma alternativa: recorrer a Manuel Subtil.