Equador
Qualquer estudante conhece uns famosos livrinhos amarelos e pretos que faziam milagres antes dos testes. Estes resumos da Europa América poupavam-nos ter de ler a Aparição ou os Maias e poder ter mais tempo para dançar slows em festas de garagem ou ver o Beverly Hills 90210 e chorar pelo Dylan. Os tempos mudaram e com eles os métodos de calanzice. Veja-se por exemplo o livro Equador. São 528 páginas de prosa passada no início do século passado. É muita folha, muita personagem a dizer coisinhas, num calhamaço capaz de fazer uma distensão muscular. Mas a TVI, sempre em cima das necessidades dos portugueses, tem a solução: não leia o livro, veja a série. E para isso foi buscar Rui Vilhena, o guionista que pôs os portugueses a perguntar “quem matou o António” e agora os vai deixar a matutar “quem assassinou brutalmente o livro do Sousa Tavares?”. Dos actores do Equador, já toda a gente falou. É um rol de estrelas de novela capaz de causar taquicardias em qualquer dona de casa, desesperada ou não. Mas as grandes pérolas da representação vão estar… na figuração. Eduardo Moniz e Miguel Sousa Tavares pediram e vão mesmo entrar na série. O escritor fez inclusivamente questão que fosse uma das cláusulas do seu contrato. E até já estamos a ver as exigências de vedeta para o seu camarim – em vez de flores brancas e tigelas de M&Ms azuis, Sousa Tavares vai querer galhardetes do FCP, cinzeiros e sinais de “proibido proibir fumar”. Mas desengane-se quem acha que esta é a primeira experiência do jornalista no mundo da representação. O 24 Horas – who else? – fez questão de divulgar que o autor, aos 15 anos, fez de Diabo no “Auto da Barca do Inferno”. De certeza que ainda hoje lhe dói pensar que fez de Diabo Vermelho… e não de Super Dragão.