Todos nós conhecemos velhos resmungões que adoram escrever cartinhas cheias de queixas e armar escarcéu em filas para comprar o passe. E é mais ou menos essa a imagem que nos vem à cabeça quando vemos os Metallica a estrebuchar: eles estão a ficar velhinhos, apesar de terem tatuagens em vez de dentaduras e casacos de cabedal em vez de pullovers da Maconde. Vejam-se os anos que passaram a tentar fechar o Napster, arreliados por terem menos dinheiro para encher de água quente o jacuzzi – e tudo por causa daquele pioneiro método de partilha de ficheiros áudio. Tanto chatearam e tanto ameaçaram que o serviço lá fechou.
Mas, tal como os velhotes clássicos de boina, também os Metallica não gostam de admitir que os mais novos às vezes têm razão. É uma dificuldade enorme em dar o braço a torcer – até porque a osteoporose não perdoa. Só que desta vez teve de ser: a banda admitiu que vai seguir as pisadas de nomes como os Radiohead ou os Nine Inch Nails e disponibilizar gratuitamente um próximo álbum. No fundo, os Metallica estão apenas a ser uma espécie de Santana Lopes do mundo da música: o que num dia é uma certeza, já não o é no dia seguinte.