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Condutoras de Domingo

Elas em contramão, sempre a abrir, pelos acontecimentos da semana.

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Condutoras de Domingo

29
Jun08

O Que é Nacional é Bonzinho - Ricardo

condutoras de domingo

Acabo de subscrever uma petição online. Aquelas que circulam por mail. Mas esta é das que vale a pena! Não é para salvar ratinhos das garras das empresas de cosméticos, não é pela libertação do Tibete nem pela redução do preço dos combustíveis. Tem o melhor de cada uma destas três e é muito mais importante. Em 1º lugar, é para salvar pequenos animais também, que somos todos nós, sujeitos a ver espectáculos degradantes na televisão – ou ao vivo até! Depois, também é por uma causa digna, a causa nacional. E por fim, também visa a poupança de muito dinheiro. Ora digam lá se aquele balúrdio que estoiraram em minis e tremoços não caiu em saco roto? Pois caiu. É aquilo a que se chama crédito mal parado… Demos crédito à nossa Selecção Nacional e mais valia termos estado a ver concertos no Canal Arte à hora dos jogos… Foi por isso que Tiago Carneiro lançou a petição online “Ricardo, não obrigado!”, exigindo a não convocatória do guarda-redes. O responsável por este manifesto apresenta-se como “Eu, cidadão de Portugal, contribuinte com o meu trabalho e os meus impostos, pai de filhos, filho, irmão, marido e adepto da Selecção Nacional de Futebol”. Assim mostra que não é apenas o seu Eu futebolístico (expressão que podia muito bem ter sido usada por Rui Santos), que está descontente com a prestação de Ricardo. Todas as facetas da sua personalidade sofrem de cada vez que a bola chega perto da baliza portuguesa. E nós compreendemos esta angústia. Tiago diz que o guardião do Bétis já teve várias oportunidades e não provou estar à altura. Eu acho que ele esteve mas foi na altura errada. Altura em termos de timing para sair da baliza e altura em termos de dimensão. O guarda-redes está desregulado, não vê os acontecimentos à escala real, de forma que está sempre muito abaixo do nivel onde a bola se joga. Ricardo dá mostras de ser craque, mas ao nivel do Subuteo, porque nos lances em que é batido está quase sempre de cócoras, como quem analisa criteriosamente o estado da relva. Outro dos argumentos da petição é que há vários guarda-redes portugueses bem melhores, e a lista que começa nuns credíveis Quim e Nuno, chega a Taborda e Ventura. Se fosse mais extensa creio que chegaria mesmo ao Ruizinho, guarda-redes do 5ºB da C+S de Xabregas. Mas o derradeiro insulto vem depois, sob a forma de metáfora. Ricardo é acusado de não ter voz de comando… Eu por acaso acho que até tem. Lembram-se daqueles bonequinhos que eram uns comandos, chamados GiJoes? Não falavam, mas se falassem de certeza que tinham a voz do guarda-redes do Montijo… Apesar de tudo eu acho que Ricardo até dá um certo colorido local à selecção. Segura menos vezes o esférico do que os apanha-bolas de 5 anos que lá andam, é certo, mas sempre que há cruzamentos os seus gritos lembram as senhoras dos ranchos folclóricos. Devemos ter orgulho nisso!

22
Jun08

O Que é Nacional é Bonzinho - O Menino de Ouro

condutoras de domingo

Toda a gente sabe que os bons portugueses gostam de assistir a desgraças. É uma coisa cá nossa. Um instinto irreprimível que nos faz parar junto a acidentes espalhafatosos, que nos faz pagar para ver a Amy Winehouse, e que nos fará comprar o livro “Sócrates o menino de ouro do PS”. Foi a fiar-se nessa nossa característica que Eduarda Maio publicou este livro, que tem uma tiragem acima do normal. A autora sublinha que esta é a biografia não autorizada, já que o primeiro-ministro só teve conhecimento dela quando o processo ia a meio. Sócrates sempre se deu bem com coisas não autorizadas e processos nebulosos, não é por aí... Realmente este é o livro de cabeceira ideal. Não há melhor forma de adormecer do que esta: observar as fotografias do pequeno José, fornecidas pelo seu primo Fernando Morgado, residente em Vilar de Maçada. Isto é coisa para dar um sono incontrolável... No livro são dadas respostas a muitas das perguntas que nos inquietam. Por exemplo: porque preferia Sócrates os Dinky Toys aos outros brinquedos? Depois há coisas secundárias, tipo: porque foi líder do PPD na juventude, ou porque é que não teve tempo de acabar a faculdade. Coisas de somenos importância quando comparadas com um tanque de guerra da Dinky Toys. O livro é bom logo desde início. Diz assim: “o parto decorreu normalmente e o Zezito nasceu bem”. Isto é coisa que cativa imediatamente o leitor. E depois vem o traço distintivo dos grandes craques. A escolha do nome. Da mesma forma que dona Dolores baptizou o seu petiz de Cristiano Ronaldo, Fernando e Adelaide baptizaram o futuro primeiro-ministro como José Sócrates Carvalho Pinto de Sousa. Apesar do nome Sócrates não ter nenhuma raiz familiar, trouxe à lembrança do Pai Fernando o filósofo grego, por quem nutria alguma admiração. Depois, o Pinto de Sousa, levanta-nos algumas dúvidas: serão o primeiro-ministro e o ex-presidente do conselho de arbitragem uma e a mesma pessoa? Fica a questão. O livro serve sobretudo para vermos que há coisas que nunca mudam. Como aquelas “tardes de êxtase em que um bando de miúdos de costas dobradas e joelhos no chão, engenheiros da brincadeira” construíam estradas e pontes. Sócrates tem agora dias inteiros de êxtase, já que não só é engenheiro a brincar como primeiro-ministro a fazer de conta também. Além de tudo isto, há o título do livro. O menino de ouro do PS. É a derradeira prova de que Portugal é um país de meninos. Depois de João Pinto, o menino de ouro do SLB, depois de Santana Lopes, o Menino Guerreiro, depois da geração Scolari em que os atletas são os seus meninos, a epidemia atinge o Primeiro-Ministro. Que a partir de hoje devia chamar-se o Primeiro Menino. Que isso de ministro qualquer um consegue. A verdadeira glória em Portugal é ser um menino.

01
Jun08

O Que é Nacional é Bonzinho - Alfaiates

condutoras de domingo

No território nacional, há várias espécies em vias de extinção: do cachalote dos Açores ao pombo-trocaz da Madeira; do lince da Serra da Malcata ao lobo ibérico do Norte do país; da águia real do Noroeste aos alfaiates de toda a Nação. Este último caso inspira particular cuidado. Têm sido feitas inúmeras prospecções e saídas de campo com o objectico de avistar comunidades de mestres alfaiates nos seus habitats naturais; o país tem sido percorrido de Norte a Sul e apenas em Belmonte, há cerca de uma semana, foi possível detectar um pequeno ajuntamento deles. O fenómeno, qual milagre, aconteceu no 19.º Encontro de Mestres Alfaiates - uma iniciativa que pode extinguir-se mais depressa do que a própria arte da alfaiataria. O cenário é catastrófico e encosta a um canto o aquecimento global. Quem prevê tão triste destino para o universo dos alfaiates nacionais é Carlos Godinho, o homem, aliás, o herói,autorizado por 46 anos de viagens no comércio de tecidos, que conseguiu juntar 60 mestres. Se pensarmos que são cerca de 2000 os profissionais da área, a comunidade reunida representa cerca de 3%, uma amostra válida, sem dúvida, por estarmos a falar de uma espécie em vias de extinção. Mas a sentença não é animadora. Acrescenta Carlos Godinho que «os alfaiates mais novos devem ter uns 40 anos. Por isso, eu digo: daqui a uns 20 anos já não há alfaiates em Portugal.» E eu digo: vamos pôr um travão nisto! Começando por perceber de quem é a culpa. Não é difícil: como qualquer espécie ameaçada, também os alfaiates são vítimas do homem. Neste caso, do homem com “h” pequeno, os seres do sexo masculino que, em vez de pagarem 1000 euros por um fato à medida, pagam 100 por uma vestimenta da Zara que, depois do baile do casamento, vai directa para o lixo porque nem na lavandaria lhe conseguem arrancar o cheiro a suor. Mas há mais: o grande culpado é o homem com um “h” tão pequenino que é só um: o chefe do Governo. Por um lado, espezinha os alfaiates nacionais ostentando elegantes fatos Hugo Boss; por outro, nunca criou escolas para ensinar a arte, nunca criou um estatuto para os alfaiates e ainda os sobrecarregou com impostos. Ou seja, Sócrates é, para os alfaiates, aquilo que a China é para o ar puro. Corrompe-os, sufoca-os, aniquila-os. Mas nós, condutoras de Domingo, sempre solidárias, juntamo-nos a esta causa. Não vamos organizar um festival, um Live Aid com o lema «salvem os mestres alfaiates», mas vamos repetir bem alto uma frase de Carlos Godinho capaz de acabar com este massacre. Ouça bem, engenheiro Sócrates: «Os alfaiates transformam um corpo mal feito numa obra de arte.» Lembre-se disto sempre que o assaltar uma vontade louca de aparecer numa anúncio da Vanity Fair, e prove que em breve vamos poder voltar a dizer: «É este o tempo em que toda a gente tem o seu fatinho!»

25
Mai08

O Que é Nacional é Bonzinho - Segurança

condutoras de domingo

Há pessoas que não conseguem dizer as verdades nuas e cruas, com medo de magoar alguém. Andam ali à roda até conseguirem transformar um defeito numa quase qualidade. “Ai, tu não és gorda, tens curvas”, “tu não és casmurro, só decidido”, “tu não te vestes como um babuíno míope, tens só um estilo muito próprio”, “o Nuno Gomes não é aselha a marcar golos, tem só muito azar”.
Foi sob esta perspectiva que encarámos a notícia de que Portugal é um dos 10 países mais pacíficos do mundo, segundo o último relatório do Índice Mundial da Paz. No índice, que avalia o pacifismo de 140 países e o seu nível de tranquilidade, este cantinho à beira mar plantado aparece no sétimo lugar, a seguir à Irlanda e antecedendo a Finlândia. Para muita gente, isto pareceu bom. Para as Condutoras, foi óbvio: estão a chamar-nos panhonhas. Na escola, os miúdos “pacíficos” eram aqueles que acabavam todos os intervalos dentro do balde de restos da cantina, com a mochila atirada para o telhado do pavilhão. Basicamente, o que este relatório faz é dizer a todo um planeta: “podem vir colar pastilhas elásticas no cabelo destes, que eles não se vão virar a vocês”. Neste momento, somos um alvo fácil de “paísjacking”: as outras nações sabem que podem entrar por aqui a dentro ao calduço, que nós até nos colocamos mais a jeito. Afinal, somos uns paz de alma.
 

18
Mai08

O que é Nacional é Bonzinho - Raquel Cruz

condutoras de domingo

A subtileza é uma característica à qual muitos podem almejar, mas nem todos podem atingir. E Raquel Cruz demonstrou que tem o mesmo grau de subtileza do Emplastro no Santuário de Fátima ou do Jorge Palma no chão dos Globos de Ouro. Vejamos a situação desde início. Estamos em 2003. A mulher de Carlos Cruz conseguiu o emprego com o qual todas nós sonhamos: ser cronista do 24 Horas. E resolve usar o poder da sua quase nobelizada escrita para dar umas alfinetadas no inspector da PJ que está a tratar do caso contra o seu marido. Solta o Lobo Antunes que há em si, e começa numa bonita prosa, em código. Só que, lá está, a subtileza não impera. E Raquel acha que a melhor maneira de disfarçar é não usar o nome Inspector Dias André mas sim “inspector Days” e substituir Carlos Cruz por “apresentador Charlie”. Perfeito, não é? Nunca ninguém iria suspeitar. Ainda por cima um dialecto tão fora do comum, o inglês. Ainda bem que não caiu na solução óbvia de usar Klingon, lituano ou mesmo a Linguagem dos Estrunfes. Aí era logo catada.
Nós nas Condutoras de Domingo achamos que Raquel podia beneficiar de umas dicas do Futebol Clube do Porto. Eles sim, dominam a lógica de todo um léxico paralelo. Se a ex-modelo tivesse puxado um bocadinho pela cabeça, teria chegado a um “inspector Papaia” e um “apresentador Diospiro” e nunca teria sido processada por difamação.
Numa primeira instância, Raquel Cruz foi condenada a pagar 25 mil euros, mas agora o Supremo Tribunal de Justiça veio reduzir o montante da indemnização 5 mil, justificando que a senhora agiu sob “forte angústia”, uma vez que na altura Carlos Cruz ainda estava preso. E, pelos vistos, a forte angústia é uma coisa que tolda a criatividade. Raquel, amiga, para a próxima usa ao menos a “linguagem dos Ps”. É o mínimo…
 

11
Mai08

O Que é Nacional é Bonzinho - Os 24 Eleitos

condutoras de domingo

O 24 Horas fez 10 anos e perdeu a cabeça. Começou por oferecer um bonito serviço de pratos a figuras públicas, o que levou – por exemplo – João Braga a dizer “gosto destes pratos porque são sóbrios”. Mas este bastião da imprensa nacional fez mais pelas personalidades portuguesas do que pôr-lhes estas lindas palavras na boca. O jornal elegeu os 24 portugueses mais influentes dos últimos 10 anos. Incrivelmente desta vez não foi Salazar a ganhar. Mas bem podia ter sido, já que apareceu mais nos últimos 10 anos do que algumas personagens aqui citadas. Para José Castelo Branco um dos portugueses mais importantes é “Irmãos Mendes”. Seja lá o que isso for, devem ser muito unidos porque ocupam um só lugar. Mas não é caso único. Há quem elega “Da Weasel” pensando talvez que é o verdadeiro nome do Pac Man, ou Gato Fedorento – pensando que é um pseudónimo de Ricardo Araújo Pereira. Júlio Magalhães vai mais longe, e vota em Portugueses como Expo 98 ou Euro 2004. Raquel Cruz eleva a fasquia e vota nos DZRT, Helga Barroso nos Madredeus. Estas pessoas têm clara dificuldade em distinguir o indivíduo do grupo não têm? De certeza que só se casaram porque os respectivos noivos as convenceram de que na verdade eram vários. O Carlos e o Cruz, o Luís e o Evaristo. Outra enorme dificuldade dos votantes foi aquele pormenor da nacionalidade. Parecendo que não é uma coisa difícil, perceber o que é isso de ser português. Por isso Luís Felipe Scolari não só é citado por uma data de malta, como conquista o 19º lugar, à frente de gente que não tendo o típico bigode e a pança, é nitidamente mais portuguesa. Carlos Dias da Silva, distinto jornalista do 24Horas é o mais perdido no mapa. Elege como portugueses mais influentes o Bin Laden, o Al Gore, o João Paulo II, o Xanana Gusmão, o Steve Jobs, o Beckham… Enfim, ele deve achar que isto é tudo malta que aprendeu a falar inglês ainda melhor que a Nelly Furtado. Simão Sabrosa, por seu turno, escolhe Miki Féher. Aqui para nós, até a irmã, no Fama Show, passa melhor por portuguesa do que Miki, quanto mais não seja porque fica difícil aprender línguas quando se está morto. Ferreira Fernandes, redactor do DN, vota em Maddie. Começo a notar aqui uma tendência. Será que as pessoas julgam que quem morre ou desaparece em território nacional, fica naturalizado automaticamente? As justificações deste jornalista são óptimas – escolhe Amália Rodrigues por ter sido “o útlimo grande enterro” e “o caso casa pia” por ser “o Portugal mais ordinário da década”. O top de Clara Pinto Correia é dos meus preferidos. 1º lugar para Sara Tavares (talvez por aquele determinante apelo ao país, para “chamar a música”), 2º para João Lucas, 3º DJ Ride e 4º Marco. Simplesmente Marco. Em 5º Sócrates Napoleão. Curiosamente o senhor que aceitou subir a palco com ela, nesse saudoso espectáculo. E que se junta assim a uma lista de professores universitários, todos colegas dela. Será que Clara se limitou a transferir os dados da sua agenda? Não, ela nunca faria uma coisa dessas. Seria tão absurdo como concorrer ao Dança Comigo… Se isto é assim quero deixar aqui a minha votação: Inês Fonseca Santos, Maria João Cruz, Catarina Limão. Arranjo 24 num instante. E todas tão portuguesas como o Bryan Adams.
 

27
Abr08

O Que é Nacional é Bonzinho - Ana Jorge

condutoras de domingo

Nos outros países há ministros que se demitem – e até alguns que se suicidam – por causa de escândalos sexuais ou de corrupção. Cá, isso é apenas um requisito para governar. Os escândalos que realmente agitam a opinião pública são os rurais. Sim, os que metem casas de campo, ou um lote no parque de campismo que seja! Ana Jorge, ministra da saúde, depois de ter sido apanhada em falta pelo 24 Horas, por não ter declarado a Casa de Campo ao Tribunal Constitucional, apressou-se a limpar o seu cadastro. E como? Mostrando a própria da casa ao próprio do 24Horas. Abre-se aqui um precedente muito giro. Se toda a gente vier para o jornal mostrar os alvos das notícias e boatos, vamos passar a ter edições especiais “Diana Chaves” ou “Isabel Figueira” com uma fotografia legendada de cada suposto namorado. Mas a Ministra da Saúde achou boa ideia. Compreende-se, vindo da pessoa que aceitou substituir Correia de Campos. Atitude que se entende ainda melhor depois de ler esta reportagem. A senhora passou toda a vida numa horta na Lourinhã! E a fazer coisas fascinantes. A ministra confessa “conheço as árvores quase todas e gosto imenso de apanhar couves, ervilhas e favas”. E fá-lo enquanto alimenta três ruidosos gansos com folhas de couve um pouco mais atacadas pelas minhocas. Que imagem de extrema beleza! Talvez por se sentir no seu habitat natural, envergando um sexy chapéu impermeável, Ana Jorge vai por aí fora e não deixa nada por dizer: “o empreiteiro chamou-me louca”, diz ela. Se calhar há coisas que preferíamos não saber. Até porque mais À frente diz: “faço qualquer tipo de pão, dá-me imenso gozo e é uma festa sempre que acendo o forno”. Nós sabemos que os políticos gostam de mostrar este lado pessoal mas também não exageremos! Até porque saber que Ana Jorge faz bons cacetes de lenha ou fala tão intimamente com arvoredo como a Floribela, não nos faz confiar mais no sistema de saúde português. E a insegurança aumenta quando ouvimos a Ministra dizer que desenhou a casa toda mas se esqueceu que tinha 3 filhos e não 2. Como é que não há de se esquecer da falta de médicos, se eles nem lhe são nada!? Mas lá por estar de galochas, não quer dizer que Ana Jorge não fale de coisas sérias. Graves mesmo. A casa-de-banho dá para um pátio que se vê de fora. Todos lhe perguntam como podem usá-la sem serem vistos. A Ministra puxa dos galões e diz que o assunto se resolve com estores ou cortinas. Bem, assim sim! Uma pessoa com esta desenvoltura é alguém a quem eu confio o meu fígado, se for preciso, na próxima ida às urgências. Quanto mais não seja porque fará dele umas belas iscas, com salsa lá do quintal.

20
Abr08

O que é Nacional é Bonzinho - Alberto João

condutoras de domingo
Não houve sessão solene, mas um dia vai haver estátua. E bem à medida de Alberto João Jardim. É uma divertida fábula de encantar, uma espécie de conto tradicional. Só que, em vez de nos pôr a dormir, excita-nos mais do que um shot de café. É que o protagonista é Alberto João e, como é sabido, sempre que o senhor fala, a intensidade sonora de qualquer história aumenta a tal ponto que é impossível não nos sentirmos galvanizados. Galvanizados, enjoados, com ataques de riso, enfim, é conforme as sensibilidades. Tudo começou na homenagem feita a Jardim na Assembleia Legislativa da Madeira, onde um destemido deputado do PND avançou com um projecto de resolução. O título é bestial: «Construção de uma estátua do Dr. Alberto João Jardim». Mas a justificação é melhor, divina mesmo: Alberto João é uma «figura incontornável da nossa história pelas obras públicas que tem realizado por toda a ilha». Mais: é um «ilustre e intrépido guia e mentor do Madeirense Novo [e] merece uma mais significativa homenagem, que lhe é devida em plenitude do seu Governo». E quando o deputado disse «significativa homenagem» queria dizer «uma estátua em bronze ou outro metal nobre»; com «cerca de 50 metros»; com «uma escada interior que permita aos visitantes subir até à cabeça da obra de arte, de onde poderão observar a baía e a mui nobre cidade do Funchal, através dos olhos do seu amado líder». Para além disso, a estátua imaginada pelo brilhante deputado deve ter, na base, umas «rodas em aço, como nos antigos moinhos de Porto Santo, ligadas por correias transmissoras a um mecanismo propulsor interno, que permita que a estátua acompanhe o movimento do sol, como fazem os girassóis», mecanismo este que deve ser «alimentado pelas ondas do mar», tal como o «forte silvo que a estátua, na altura do zénite do astro-rei, deve emitir, simbolizando para as gerações vindouras os imortais dotes oratórios de Jardim». Eu não sei como é que vocês se sentem, mas eu e minha pobre imaginação sentem-se esmagadas. Eu que imaginava um pequeno busto colocado algures numa coluna numa praceta madeirense fui pisada por este gigante que querem colocar «no cimo do antigo Forte de S. José». Já estou a imaginar Alberto João acolhendo os visitantes da sua bela ilha com um grito de guerra lançado lá das alturas: «bando de loucos, seu bando de loucos!». Ao qual se seguirá, claro, o tal forte silvo. Será nesse momento que a Madeira conseguirá a autonomia; ficará, qual ilha do Lost, isolada algures no meio do oceano. A estátua funcionará como aquelas estranhas ondas magnéticas capazes de banir os indesejáveis daquele pequeno paraíso. Quem não gostar terá de arranjar um plano maqueavélico. Nós damos uma dica: que tal arranjarem maneira de espalhar o boato de que afinal as armas de destruição maciça estão na Madeira? Isso justificaria uma invasão com direito a derrube de estátua, muito na linha simbólica de encerramento das ditaduras. Seria ou não seria um digno fim de história?
13
Abr08

O que é Nacional é Bonzinho - Forças Armadas

condutoras de domingo
Na equipa das Condutoras de Domingo, há quem tenha antecedentes familiares na muy nobre arte de saber vasculhar as imediações de um caixote do lixo. E antes que se esbocem sorrisos de gozo, há que salientar este facto: é mesmo uma arte. Há pessoas que sabem olhar para a tralha desprezada por outros e ver ali coisas muito úteis. Nem que seja, úteis para atafulhar uma garagem ou uma cave. Mas além disso, uma tábua pode ser uma prateleira, um abajour pode ser uma fruteira e um corta-relva velho pode ser uma máquina de fazer sumos.
Daí o termos olhado com algum carinho para esta notícia: as nossas Forças Armadas também andam a resgatar preciosidades do lixo. É vê-los de rabo para o ar na lixeira e no armazém dos fundos a arranjar peças para os seus helicópteros. Mas a particularidade mais interessante é outra: foram eles que puseram aquelas peças no lixo. O que se passa é que os H101-Merlin novinhos em folha não estão a funcionar em condições e a Força Aérea resolveu ir buscar componentes dos Puma que tinham deitado para o lixo. Um pouco como quando se acaba com um namorado mas depois ainda se volta lá para uns miminhos ocasionais. Caso para dizer que as forças armadas andam numa de Elsa Raposo. Os helicópteros novos, que estão fartos de dar problemas, custaram a módica quantia de 450 milhões de euros. Enfim, todos nós sabemos qual é a sensação de comprar uma coisa da qual depois nos arrependemos e acabamos por nem usar. Mas convenhamos que há uma diferença entre uma camisa da H&M que afinal nos faz as ancas gordas e uns helicópteros.
06
Abr08

O que é Nacional é Bonzinho - D. Celeste

condutoras de domingo
Podíamos dizer que a redacção da SIC está “pelos cabelos” com a direcção. Mas era um trocadilho muito parvo. Bem, agora já está! Rebentou uma crise institucional para os lados de Carnaxide. E porquê? Porque os pivots não toleram trabalhar naquelas condições. O problema não são os estúdios, não são os operadores de câmara, nem sequer aquela malta sem tom nem som que é convidada para fazer Revista de Imprensa. Aquilo que realmente perturba os jornalistas é a cabeleireira. Celeste, de seu nome, que se foi embora. Aliás, Celeste foi recolocada, segundo o seu patrão Moreno. É mesmo assim que ele se chama. Mas a equipa da SIC não se conforma com esta explicação, e corre já um abaixo-assinado para apurar as razões pelas quais Celeste saiu, exigindo o seu regresso. Segundo o 24 Horas, esta “profissional dos cabelos” (segunda melhor designação a seguir a patrão Moreno), está de baixa psicológica por ter sido tirada da SIC. É natural. Uma pessoa que tem o deleite de pentear a trunfa de Rui Santos e que se vê privada disso do dia para a noite, deve sofrer um choque terrível. Não há gadelha de nenhuma socialite que faça frente aos caracóis do comentador. Clara de Sousa, Marta Atalaia e Joana Latino, entre outras, dizem que não querem mais ninguém a mexer nos seus cabelos. Até se compreende. Agora, que João Ferreira se associe aos protestos é que é mais esquisito. Só falta dizer que Mário Crespo e João Moleira também estão enraivecidos com a saída da Celeste. Só se a senhora fosse exímia na arte de pentear sobrancelhas! Os pivots querem que a SIC acabe o contrato com Moreno e mande vir a Celeste. Teme-se já que o Próximo Especial Informação seja um directo à porta da estação, com uma manifestação liderada por Conceição Lino, do Nós Por Cá, com palavras de ordem gritadas por Joana Latino, do Mundo Perfeito, e cartazes gigantes dizendo “Deixem Pentear a Celeste!”. Porque num Mundo Perfeito não existiriam injustiças ao nivel do couro cabeludo. Ricardo Costa diz que esta é uma questão interna da SIC. Interna para ele, que tem aquele cabelinho ralo e a precisar de doses cavalares de Crescina. Senão, saberia que este problema é do mais externo que pode haver. E é bom que tenha cuidado, caso contrário as jornalistas da sua estaçao poderão partir para formas de luta mais pró-activas, como pintar o cabelo de azul, seguir um look Maria José Valério, fazer uma crista ou usar oitenta tereres e meia dúzia de rastas cada uma. O que, do ponto de vista concorrencial, não seria mau de todo. Porque ainda nenhuma das estações conseguiu ter uma aberração estética que faça frente ao lábio de Manuela Moura Guedes. 

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Todos os domingos na Antena 3, entre as 11:00h e as 13:00h. Um programa de Raquel Bulha e Maria João Cruz, com Inês Fonseca Santos, Carla Lima e Joana Marques.

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Condutoras de Domingo é um programa da Antena 3. Um percurso semanal (e satírico) pelos principais assuntos da actualidade e pelo país contemporâneo.

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