As Primárias nos Estados Unidos estão a atingir proporções nunca vistas. E não tem nada a ver com a Super Duper Tuesday, nem com os congressos e os discursos inflamados. Aliás, nem sequer tem a ver com os dois lados da questão. Os Republicanos já estão arrumados a um canto, com o magnata das batatas fritas, John McCain, destacado lá na frente. Agora interessam, mais que nunca, os Democratas. E a luta tem sido taco a taco. Até aqui assistimos a um duelo de raça e género. Pode escolher. Ou um presidente negro ou uma presidente mulher. Há para variadíssimos gostos, mas não para todos. Quem quiser um homem branco ou uma mulher negra, tem a vida um bocado dificultada. Mas pronto, Hillary e Obama já garantem um despique com tudo a que temos direito. E a batalha tem tido um crescendo tal que não sabemos onde irá parar, tendo em conta os meses que ainda faltam. É que depois dos fortes argumentos “eu sou mulher” ou “eu sou preto”, Hillary avançou com o “eu tenho ex-presidente em casa”. Barack não quis ficar atrás, e não conseguindo inventar um passado presidencial para e esposa, tratou de a pôr nas capas de todas as revistas. Hillary pode ter um Bill, mas Barack tem uma Michelle, a quem a imprensa já chama “princesa africana”. Um título que, por mais que tente, Bill Clinton nunca conseguirá ter! Nos últimos dias a disputa subiu de tom: entraram em jogo as avós. Quando a coisa chega a este ponto, vale tudo. Os jornais deram conta da situação de Sarah Obama, avó do candidato, que acompanha as eleições através duma velha televisão, numa aldeia no Quénia. Que Barack não tenha tempo de visitar a avó, compreende-se. Afinal de contas, tem de visitar avós e netos nos 50 estados americanos. Mas ao menos podia comprar-lhe uma televisão melhorzinha. Ou será este é mais um trunfo na corrida eleitoral? Talvez obtenha mais votos quem tiver uma avó mais velha, mais doente, com habitação mais precária e utensílios mais rudimentares. Talvez para os americanos isso seja garante de uma política social mais atenta. Nesse caso, Obama está safo! Se, pelo contrário, os americanos quiserem uma presidência moderna e tecnológica, no campeonato de avós ganha a família Clinton! Porque de certeza que tanto a avó materna como a paterna de Hillary assistem às Primárias num enorme LCD 16 por 9. Se isto continua assim, o mais provável é que em vez de debate televisivo com direito a perguntas aos candidatos, se faça um confronto de avós, para saber qual dos dois se comportava melhor em criança. É que isso diz muito sobre o perfil dos futuros presidentes. Tivessem dado ouvidos à avó de George Bush e neste momento o mundo seria bem diferente!