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Out07
De Encontro ao Pára-Brisas - Crimes de WC
condutoras de domingo
Toda a gente fala em escutas, todos ouvem interferências suspeitas no telemóvel e até nós temos sérias dúvidas se não estamos a ser escutadas. Ah, esqueçam. Aqui é mesmo essa a ideia. Mas a espionagem tradicional está a cair em desuso: estão aí as câmaras ocultas! E começaram a invasão pelo território do WC Pato. Foi com grande contentamento que as condutoras viram regressar uma actividade criminosa deixada ultimamente ao abandono: os crimes de casa-de-banho. Desde que parou de circular o mail sobre pessoas atacadas em WC’s de centros comerciais para lhes roubarem rins, e deixadas em banheiras com gelo, que a coisa andava estagnada. O máximo que acontecia era uma ou outra troca de escovas de dentes entre concorrentes do Big Brother. Mas ninguém melhor do que os agentes da PJ sabe que a ilegalidade nas instalações sanitárias faz bem à saúde e sanidade mental dos portugueses. E foi por isso mesmo que um deles tomou providências e instalou uma câmara numa casa-de-banho de mulheres da Direcção Central de Investigação de Trafico de Estupefacientes, mais precisamente debaixo do lavatório. O que mais se discute por aí é o objectivo da câmara, surgindo na imprensa duas hipóteses: espreitar as mulheres ou captar um acto ou conversa. Ora isto é exactamente a mesma coisa. O que o agente fez foi cumprir o sonho de tantos e tantos homens: saber o que se passa quando as mulheres vão aos pares à casa-de-banho! E assim se transforma uma acção de espionagem numa enorme desilusão: o agente queria de facto captar um acto ou conversa especialíssimos, mas acabou por comprovar que não se passa nada mais interessante do que diálogos sobre o estado do tempo ou as marcas de tampões. Isto faz-nos ter saudades do verdadeiro Che Guevara dos lavabos. O mestre, o percursor, o imbatível Manuel Subtil. Vamos recordar as suas sábias palavras.
Tem toda a razão, o Manuel, quando diz "era como se estivéssemos aqui sentados à mesa, só que lá não havia mesa. Havia sanita, bidé e um lavatório". Aliás, estar na casa-de-banho da PJ também é o mesmo que estar aqui no nosso carro. Com a diferença de que nenhuma de nós é polícia nem descobrimos ainda nenhuma câmara oculta. De resto, é igualzinho.