Agarrado ao Pára-Choques - Manuel Subtil
Todos os bons filmes têm segundos episódios. Como tal, o melhor filme português da última década também tinha que ter. Não me refiro a Corrupção, nem sequer ao Pesadelo Cor-de-Rosa, em que a Catarina Furtado ia tão bem… Estou a falar do filme rodado na casa-de-banho da RTP quando alguém decidiu trancar-se lá. Em vez de um “nascido a 4 de Julho”, podia ser um “barricado a 4 de Janeiro”, de 2001, com Manuel Subtil no principal papel. Agora, seis anos depois, chega às salas – não de cinema, mas dos tribunais – “Subtil II – O Regresso”. Como no Exterminador Implacável, o subtítulo também podia ser “O Dia do Julgamento”. É que Subtil vai ter de pagar 40 mil euros de indemnização à RTP. Metade por danos patrimoniais – provavelmente os azulejos do WC; outra metade por danos não patrimoniais – certamente os traumas de Zé Rodrigues dos Santos, por não ter sido o centro das atenções durante 24h. Isto é o chamado “preso por ter cão e preso por não ter”. Mas neste caso foi Subtil quem se prendeu a si mesmo, por isso até deve gostar da coisa. Olhem, eu gostei muito de voltar a ter notícias dele, e sobretudo de saber que hoje em dia é leiloeiro. Já imagino um leilão com este senhor: depois do “quem dá mais” e do 1ª, 2ª, 3ª, deve sair um valente “Ai Jesus!”. Que saudades desse grito de guerra!
Paula Conceição, a juíza, disse que o arguido “não demonstrou grande capacidade de arrependimento, apesar do tempo passado sobre os factos”. Claro que não! Então o homem protagoniza o melhor momento de 50 anos de RTP e ainda devia lamentar o sucedido? Era o mesmo que o Marco do BB estar arrependido do pontapé que deu à Sónia. Ou os pais daquela concorrente do Bar da TV se arrependerem de terem resgatado a filha do concurso, com a mítica frase “Margarida, volta para Borba!”. Deviam mas é fazer uma Gala Subtil! Iam ao centro de emprego buscar os ex-concorrentes da OT e punham-nos a cantar o “Pelo Amor de Deus” em vários tons. Seria uma espécie de novo “Ave Maria”. É que nem 10 Malatos, uma mão cheia de Júlios Isidros e um Baião e ½ (na altura em que se drunfava no Big Show SIC) suplantam o impacto mediático dum Subtil. Diz-se até que a RTP está a pensar substituir a gala dos Gato Fedorento no fim-de-ano por um “one man show” com Subtil. À saída do tribunal, ele deixou a promessa “o assunto ainda não acabou!”. Que bom! Um artista deste gabarito procura sempre voos mais altos, espaços mais amplos. Aposto que vai barricar-se em breve na cozinha da RTP. Até porque o único risco que corre é que o seu número seja interrompido pela ASAE, acusando-o de violar a lei do ruído. Valha-me Deus, há gente que não percebe mesmo A Arte!