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Condutoras de Domingo

Elas em contramão, sempre a abrir, pelos acontecimentos da semana.

Elas em contramão, sempre a abrir, pelos acontecimentos da semana.

Condutoras de Domingo

17
Fev08

O que é Nacional é Bonzinho - Gisela Francisco

condutoras de domingo
Todos sabemos que a Loja do Cidadão é um sítio pródigo em surpresas. Nunca sabemos se vamos esperar 3 horas ou 4, se aquela papelada toda que preenchemos a azul era obrigatório preencher a preto, se as letrinhas minúsculas no verso do impresso dizem que temos de pagar uma taxa suplementar e ir para o fim da fila… Enfim, o leque de oferta em termos de surpresa é enorme. Mas esta semana o Sr. Paulo Costa teve uma surpresa muito maior, providenciada pela Loja do Cidadão de Setúbal. Vou esquecer a das Laranjeiras, definitivamente, que eles lá têm truques muito melhores! Quando Paulo foi levantar o seu BI renovado não sabia quão longe podia ir o termo renovado. É que aquele documento veio dar-lhe a hipótese de uma vida nova, mesmo. No verso do BI tudo normal: nome, filiação, altura, estado civil… O pior foi quando viu a parte da frente do cartão. Também tinha impressão digital, fotografia e assinatura, tudo nos conformes. Não eram é dele! Eram duma tal Gisela Francisco. A partir desse momento Paulo Costa juntou-se a esse grande clube de portugueses que são metade homem, metade mulher. A filha do Néné, por exemplo, não se tem dado nada mal com isso. E à partida até tinha um nome menos sonante para vingar no mundo dos híbridos. Filipa Gonçalves não é nada de especial. Já Gisela Francisco aproxima-se muitíssimo da robustez de um “Roberta Close” ou dum “Belle Dominique”. Paulo Costa até aqui era apenas mais um português vulgar. Era só um número de senha, na fila de anónimos das Lojas do Cidadão. Agora não. Da próxima vez que entrar numa qualquer repartição pública, terá todas as atenções centradas em si. Será a estrela maior do transformismo nacional. Ao pé dele, José Castelo Branco é um homem de mão cheia. Afinal de contas, chama-se Zé e os seus apelidos são todos no masculino. Já Paulo Costa é agora o equivalente àquele Centauro dos anúncios do Banif: metade homem, metade cavalo. Só que em vez de ter patas e cascos, tem cara e dedo indicador de mulher. Ah, e um nome com tudo a que tem direito – Gisela Alexandra Serôdio Francisco, assinado com aquelas letras bem redondinhas de rapariga. Perante isto, os Serviços de Identificação Civil vieram garantir que a identidade dos cidadãos está assegurada. Resta saber quantas pessoas não andam aí com metade doutras. Eu sei que a minha fotografia confere, mas se calhar nunca me chamei Joana e nem sequer sou filha daquelas pessoas. Imagino o que esteja a sentir, neste momento, Gisela. Ela que detém, provavelmente, a parte de trás do BI (e da vida, no fundo) de Paulo Costa. Não deve ser nada fácil ver metade de si transformada num quarentão casado. Isto sim é uma crise de identidade profunda!
10
Fev08

O que é Nacional é Bonzinho - Campia

condutoras de domingo
Não há nada melhor do que um bom costume medieval, daqueles que deixam o pêlo do braço arrepiado ao cidadão do século XXI, mas que, vá-se lá saber porquê, subsistem por este Portugal fora. Talvez, quem sabe?, porque, como se aprende nas faculdades de Direito, o costume é uma prática social reiterada com a convicção de obrigatoriedade. E nós bem sabemos quantos licenciados em Direito há no nosso país, gente que aprende que um costume é coisa para cumprir como lei, honrando o bom e sádico nome dos nossos mais primitivos antepassados. Mas este ano, em Campia, Vouzela, alguém resolveu borrifar-se na tradição e na obrigatoriedade. Era costume carnavalesco da aldeia apanhar um gato, um bichanito, psst, psst, metê-lo num cântaro, erguer o cântaro no alto de um mastro, acender uma fogueira e deixar ali o gato a estorricar até o cântaro cair. Como os gatos têm sete vidas, tempos houve em que um ou outro saía disto vivo, coisa que os aldeãos de Campia resolviam de imediato, acabando com as outras seis vidas do bichano à paulada. É certo que dava algum trabalho, mas a coisa resolvia-se e a festa fazia-se. Era Carnaval e o gato não levava a mal. Quem levou a mal foram as pessoas que puseram a circular na net um mail que denunciava este costume. E, quando as autoridades se preparavam para passar mais um Carnaval assobiando sossegaditas para o lado, alguém lhes lembrou que afinal o costume vale menos que a lei e a lei proíbe o exercício de violência contra animais. Quem o faz paga, e paga uma quantia tão razoável que, de repente, alguém em Vouzela olhou para o costume com menos convicção do que para a lei. Ainda assim, neste Carnaval, a festa de Campia fez-se à mesma, e até havia gato. Só que era um bichano de pelúcia. Parece que os gatos reais ficaram refastelados a afiar os bigodes enquanto viam passar o indignado Carlos Duarte, um dos organizadores da festa. Disse o senhor que esta "tradição sempre existiu, e pode continuar a existir porque nunca se matou gato nenhum; há 15 anos, até usei um gato meu que regressou a casa sem problemas”. Ah, grande rambo dos gatos! Quem diria que apenas serias vencido por um peluche com honras de Joana d’Arc?! Sim, porque aposto que o gato de peluche também sobreviveu e regressou a casa sem problemas. Provavelmente até fez uma criança feliz. E tudo ficou bem porque acabou bem: já se queima nem gato nem gente, já não se faz justiça nem festa pelas próprias mãos e até os mais sádicos costumes são batidos aos pontos pela sofisticada Internet. A tradição já não é o que era. Por isso, uma mensagem para Barrancos: vão depressa até uma das estações de serviço que a nossa Joana frequenta e apostem à grande em touros movidos a pilhas.
03
Fev08

O que é Nacional é Bonzinho - Intérpretes

condutoras de domingo
Anda por aí tudo preocupado com as invasões da privacidade, desde as escutas telefónicas até aos registos da via verde e dos radares… E com as limitações da liberdade individual, como a proibição de fumar onde e quando nos apetece. Sempre a velha discussão do “Big Brother is watching you”, que por incrível que pareça não vem do tempo da Teresa Guilherme, mas do “1984.” Dum tal de George Orwell. Devia ser apresentador de reality shows na altura… Enfim, tantas teorias, tantos debates, tanto tempo gasto em vão. Porque hoje, aqueles avisos que vemos nos centros comerciais, dizendo “Sorria, está a ser filmado”, deviam ser todos substituídos por “sorria, está a ser interpretado”. É verdade, o grande masterplan do século XXI não são os seguranças barrigudos que olham todos os dias para as câmaras de vigilância. São, isso sim, os intérpretes de língua gestual portuguesa. Eles andam aí, e controlam tudo o que fazemos, dizemos ou pensamos! Prova disso é a análise que a intérprete Alexandra Ramos fez esta semana no 24 Horas. A respeito do comportamento de Quaresma no último derby. Esta senhora, que já tinha descoberto que Rochemback insultou Paulo Bento, descobriu agora que Quaresma insultou Jesualdo Ferreira. Ela reproduz as frases e tudo. Não vou dizê-las aqui porque é domingo de manhã… E porque tenho medo que a Alexandra Ramos ande aí pela rádio. E venha interpretar a forma como estou sentada, e revelar a todo o auditório das condutoras o que é que isso diz sobre o meu relacionamento familiar e as minhas perspectivas de futuro. É que isto é gente muito profissional. Uma pessoa que dá a conhecer ao mundo a possibilidade de um cigano dizer palavrões é, no mínimo, visionária. A senhora diz o seguinte: “não consigo garantir a 100% mas após oito visionamentos parece-me que é isso”. Obrigadinha! Assim também eu. Se eu revir 8 vezes um jogo do Sporting até consigo detectar um momento em que Farnerud mexe ligeiramente a perna direita em direcção à bola. Coisa nunca vista. E acho que me bastam umas 3 ou 4 vezes, em loop, da discussão Luisão/Katsouranis para garantir que o grego fez um gesto obsceno com o dedo médio. Mas os meus dotes não vão mais além do que isto, por isso queria deixar o repto aos intérpretes deste país. Se me estão a ouvir – o que é duvidoso, já que grande parte da malta que sabe língua gestual é surda… Mas, se por qualquer motivo me estão a ouvir, respondam por favor: no domingo passado, o Helton fez um frango ou não?
20
Jan08

O que é Nacional é Bonzinho - Expressões

condutoras de domingo
Nos últimos tempos, a Universidade Fernando Pessoa tem divulgado vários estudos sobre expressões faciais. É verdade. Expressões faciais, coisas de que nós, aqui na rádio, estamos protegidas. Os estudos são da responsabilidade do director do Laboratório de Expressão Facial da Emoção e debruçam-se sobre a descodificação das emoções que passam pelo rosto humano. Por exemplo, aqui há umas semanas, concluiu-se que, em 2007, «os jornais diários portugueses mostraram uma diminuição da frequência do sorriso relativamente ao período 2003-2006». Há uns dias, noutra investigação, descobriu-se que os bebés entre os 4 e os 8 meses não distinguem a alegria da cólera. Em relação ao primeiro estudo, não fiquei nada espantada. Acho-o até bastante óbvio e nem sequer precisei de analisar as 40 mil fotografias que passaram pelas mãos da equipa do Laboratório. É que, para além de os portugueses andarem pelas ruas da amargura (se têm dúvidas, vejam as reportagens dos telejornais da TVI), o Benfica joga cada vez pior. Isto, como é sabido, dá cabo da expressão facial de qualquer um ou, pelo menos, de cerca de 99% dos portugueses. Mas o que me intrigou mesmo foi a conclusão sobre os bebés. Que sorte danada a dos mini-petizes! Nós tanto podemos deitar-lhes a língua de fora e franzir-lhes o sobrolho como atirar-lhes com um rasgado sorriso de dentuça de fora que, para eles, é indiferente. Que magnífica superioridade a das criaturinhas! Só tenho pena é que esta capacidade seja sol de pouca dura, não só porque podia ser um contributo notável para o fim de todos os conflitos e, consequentemente, para a paz no mundo, mas também porque nos ia tornar imunes ao sorriso incandescente de Paulo Portas, homem integrado numa categoria de humanos que se encontra no mesmo escalão etário que os bebés referidos nesta investigação. Aliás, a mais importante conclusão deste estudo nada tem a ver com bebés que acabaram de ser expelidos do ventre materno, não; a mais importante conclusão é finalmente percebermos o que se passa com a classe política portuguesa. Os pobrezitos, afinal, têm entre 4 a 8 meses! Ou seja, não entendem o eleitorado! São imunes às expressões faciais dos portugueses, de quem os elegeu. E, com essa idade, lamento, mas não estão em condições de governar, não têm legitimidade. O golpe de Estado impõe-se. E recomendo a quem ainda tenha dúvidas, a quem resista a sair directamente de casa para a revolução por estar tão bem sentado no sofá a ouvir-nos na rádio, que experimente ver por umas horas o canal AR sem som e, assim que conseguir parar de rir, contribuindo para que em 2008 o sorriso volte a ser rei, me diga se há ali alguém capaz de entender as expressões de alguém.
13
Jan08

O que é Nacional é Bonzinho - Matadinho

condutoras de domingo
São conhecidos – e famosos - os casos de portugueses que rejeitam prémios. Por exemplo, em 2006, o escritor Luandino Vieira rejeitou o Camões, doze anos depois de, em 1994, o poeta Herberto Helder ter rejeitado o Pessoa. 2007 foi o ano de uma outra ilustre personagem recusar um prémio. Falo da incontornável... Carla Matadinho, eleita no passado mês de Dezembro a nova Miss Internet Mundial. Palmas, por favor, meninas. Já chega, já chega, porque esta rapariga loira de trajes justos e diminutos – espantem-se – não foi a Londres no último dia de 2007 receber a coroação. Como mulher ponderada que é, Carla Matadinho afirmou que lá fora tem competição, «há muitas mulheres fantásticas e melhores» do que ela. Mestre na arte de bem falar, foi assim que, sem ferir susceptibilidades, conseguiu chamar às manequins portuguesas um bando de feiosas. Um exemplo de fair play vindo da parte desta trabalhadora empenhada no mundo da moda nacional. É cá, de facto, que Carla quer concentrar os seus projectos, e nem sequer sabe ainda se vai a Londres desfilar na semana da moda da cidade inglesa. Esta rapariga constitui, sem dúvida, um caso em que a ambição tem limites, está já ali, bem à vista, bem à mão. Aliás, já estou a imaginar aquelas velhas T-shirts dos anos 90, aquelas que tinham um “Think Big” impresso no peito, serem substituídas por novas camisetas a anunciarem “Pensar pequenino é pensar Matadinho”. Carla, se nos estás a ouvir, autorizamos-te a aproveitar a dica. Não te acanhes, por favor. Mas não nos faças o que fizeste ao teu amigo que te inscreveu neste concurso da Miss Internet Mundial. Não nos faças o que fizeste ao Sr. Cabrita, por favor. Torna este negócio das T-shirts um negócio rentável, enriquece com ele, e não te preocupes porque nunca vais conseguir exportar a coisa: é que lá fora pouca gente sabe português e, por tua visionária vontade e inabalável iniciativa, ninguém nunca saberá quem é a Matadinho.


23
Dez07

O que é Nacional é Bonzinho - Bolo Rei vs. Bolo Rainha

condutoras de domingo

Há um único aspecto no Natal capaz de explicar por que é que continuamos a ser apanhados pela frenética onda natalícia: a possibilidade de comermos alarvemente sem culpas nem medos. Uma das guloseimas de renome natalício, que contribui para esta comezaina desenfreada, é sua majestade, o Bolo Rei. Porém, nos últimos tempos, algo de muito grave se tem passado no reino desta redonda iguaria. Anda por aí alguém a querer destronar o Bolo Rei! Há um golpe de Estado em curso liderado pela fruta cristalizada. Cerejas vermelhas e verdes, laranja, pêra e abóbora, reforçadas com uma camada de xarope de glucose, açucar, conservantes, corantes e regulador de acidez, uniram esforços para depôr o Bolo Rei e, no lugar dele, instalarem o Bolo Rainha. O objectivo? Tornarem-se um produto autónomo nos hábitos de consumo dos portugueses. É bem sabido que, ao consumirem uma quantidade razoável de fruta cristalizada no Bolo Rei, as pessoas deixam de comprar frascos desses frutos, prejudicando uma tradição com cerca de 4000 anos. Ora, os frutos cristalizados aperceberam-se do impacto do Bolo Rainha no mercado natalício; aperceberam-se de que são constantemente humilhados por pedidos “daquele outro bolo, sem a fruta cristalizada”; aperceberam-se de que não lhes basta o estatuto de adorno de bolo e que o melhor caminho para a emancipação é o apoio ao Bolo Rainha. E desenvolveram uma estratégia de ataque ao Bolo Rei:conviveram com ele, sacaram-lhe o brinde e a fava e infiltraram-se na massa, deixando-o tão tenso que, salvo honrosas excepções, tem vindo a ficar progressivamente mais rijo. Não parecendo, esta é uma questão que domina a actualidade natalícia. Por esta altura, há milhares de blogues onde donas de casa debatem a problemática da supremacia do Bolo Rainha face ao Bolo Rei. Quem não acredita que faça uma pesquisa na net. Eu fiz; e conclui que há uma iguaria que teve muito menos trabalho do que a fruta cristalizada para se libertar dos doces de pastelaria. O vosso aplauso, por favor, para a PASSA, do departamento dos frutos secos. Ninguém a quer, nem no Bolo Rainha! É ver o pessoal todo, por estes dias, a esburacar bolos, arrastando as passas para as bordas dos pratos. Mas nem isso desanimou a passa. Porquê? Porque se agarrou com unhas e dentes a uma tradição milenar de um povo azarado cheio de crenças supersticiosas: os desejos do fim do ano. Já se sabe: cada badalada, cada passa. Que bela lição de emancipação para a fruta cristalizada...

09
Dez07

O que é Nacional é Bonzinho - Giraças e Escandalosas

condutoras de domingo
Não há nada mais tipicamente português do que falar da vida alheia. As Condutoras acham até um hábito bastante saudável. Porque todos temos, dentro de nós, uma velha, de lenço na cabeça e avental, que ouve atrás das portas e comenta a vida conjugal do bairro inteiro. O pior é quando essa velha muda de atitude e indumentária, e passa a estar mais preocupada com os lenços e aventais doutras pessoas. É o que se passa na rubrica “Giraças e Escandalosas” da Revista do 24 Horas, e noutras que tais. Da mesma forma que as velhas alcoviteiras gostam sempre mais duns vizinhos que doutros, também aqui há uma clara separação entre o bem e o mal. Se, até hoje, tudo o que eu não queria era estar doente, ficar sem gasolina na auto-estrada ou ter uma fuga de gás em casa, acrescento agora uma alínea a esta lista. Também não quero figurar na página das “Escandalosas”. É que é coisa para deixar marcas profundas! Quem saiu na rifa esta semana foi Síliva Rizzo. Reza assim: “eis mais uma mulher de bom gosto que cometeu um faux pas nos últimos dias”. Como é que uma pessoa se redime disto? De ter feito um faux pas? A revista exige uma justificação para a actriz ter usado as calças brancas com as botas castanhas e “aquela mala” no lançamento dos ténis Big Jump, e no dia seguinte estar igualzinha no McDonalds do Restelo. Francamente, Sílvia! Comparecer no Corte Inglês e numa cadeia de hamburguers tão chique naqueles propósitos… vai ser difícil justificar esta atitude! Acho aliás que vai ser expulsa das campanhas do Modelo. Que fiabilidade tem uma mulher que fala dos frescos do dia mas anda 2 dias seguidos com a mesma roupa? O que vale é que não está sozinha no infortúnio. De Cristina Areia, dizem assim “continuamos todos à espera que comece um dia destes a vestir-se como uma mulherzinha”… Mas desengane-se quem pensa que estar no lado das “Giraças” é muito melhor. Para já, há alusões claras à expressão “meninas à sala” e ao universo dos bordéis. Diz-se de Carla Matadinho que tem um decote profundo para olhos mergulhadores, que Andreia Dinis usa vestidinho de menina e Rita Ferro Rodrigues ganha pela simplicidade em vez de vestidos menineiros. A benevolência acaba-se toda quando chega a vez de Ana Rocha. Entram logo a matar: “é tão raro ver Ana Rocha elegante, que, desta vez, vem direitinha para este lado da página.” E, logo a seguir, acabam de forma triunfal: “vamos ver quanto tempo dura este ataque de bom gosto, até ela voltar a enfiar uma daquelas fatiotas que nos deixam com um sorriso mauzinho”. Com amigos destes, quem precisa de inimigos? Cá para mim, mais vale ser a melhor das escandalosas do que a pior das giraças. Acho que é um lema para a vida.
25
Nov07

O Que É Nacional É Bonzinho - Estrelinha

condutoras de domingo

Mesmo que a notícia que se segue pareça extraída de um folhetim do insólito, a verdade é que pertence a um mundo bem próximo de nós, ali para as bandas da asseada Avenida de Roma, onde pelas ruas se cruzam pessoas, animais, plantas, Zeus e Estrelinha. Não, não me refiro a Zeus, o deus grego supremo, nem a Estrelinha, a personagem da novela da TVI; refiro-me a Zeus, o leão da Rodésia do “jet-seter” João Pedro Campos Henriques, e a Estrelinha, a caniche-anã de um seu vizinho. Zeus e Estrelinha encontraram-se e, numa enorme caturreira, Zeus devorou Estrelinha. Peço, por favor, aos argumentistas deste país que parem de tirar notas para o guião da próxima telenovela e façam um minuto de silêncio em homenagem a Estrelinha, a falecida caniche-anã. (SILÊNCIO breve) Agora que o minuto se passou, a história já pode ser partilhada com todos os que, como eu, sentem o coração pequenino como o de um caniche-anão. Ao que parece, Campos Henriques saiu de casa com Zeus pela trela; Zeus, como seria de esperar, até pelo facto de ter nome de deus que domina tempestades e trovões, rompeu a trela. Estava sem açaime e lançou-se em possante corrida rumo a um alvo do tamanho da sua pata. Era Estrelinha, a caniche-anã, que deve ter sentido uma emoção orgásmica ao ser abocanhada por Zeus. Valha-nos isso, a hipótese de ter morrido feliz. Já Campos Henriques nada fez; citando o dono do caniche, «não mexeu uma palha”. Justificou-se com uma doença cardíaca. Mas eu desconfio, e pensei tanto no assunto que até tenho uma tese para apresentar. Campos Henriques organiza festas, tem uma empresa de catering. Ao ver Zeus de Estrelinha na boca, deve ter percebido que ali estava, diante dele, uma original solução para a festa da semana - acepipes de caniche-anão! Nada de perninhas de rã ou peixe cru. Caniche-anão servido em baixelas do século XVIII. Por isso, faz todo o sentido que Zeus esteja registado como um labrador. São, de facto, cães parecidos, ideais para a caça. O que é que interessa se um se atira a patos mortos no meio de um monte alentejano e o outro se atira a caniches vivos numa praceta da Avenida de Roma?! Nada, e assim se percebe por que razão Campos Henriques não pediu desculpa à família de luto, a mesma que, enquanto se indignava e ia à polícia, se apressou a substituir Estrelinha por Pantufa, outra caniche-anã. A conselho da pediatra da filha pequena dos donos da falecida. Olhem que esta... Nem um médico revela respeito pelos mortos. Restamos nós. Descansa em paz, saudosa Estrelinha.

18
Nov07

O que é Nacional é Bonzinho - José Alberto Carvalho

condutoras de domingo
É verdade e há que dizê-lo sem floreados: José Alberto Carvalho foi, por um dia, pivot sem gravata. De agora em diante, a ideia é essa - banir a gravata do espaço informativo português. Gradualmente, claro, para a gravata não ficar traumatizada. Parece que o objectivo passa por testar a reacção das pessoas. Eu pergunto: como é que as pessoas reagiriam se, assim de repente, só para testar telespectadores sérios, com expectativas fundadas numa tradição milenar, o Noddy arrancasse do pescoço o lenço amarelo com pintas encarnadas? Aos olhos das crianças, tornar-se-ia Noddy um rapaz cool e, no entanto, obediente? E José Alberto Carvalho? Transformou-se ele num homem trendy e, todavia, líder de audiências noticiosas? Independentemente dos comunicados da RTP, dos posts e dos artigos escritos sobre esta delicada temática, a falência do efeito da gravata nos telejornais das sociedades contemporâneas, há, subjacente a isto, uma questão que proponho que seja discutida no próximo Prós e Contras.
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É que,  por detrás do pivot desengravatado, existe um pobre pivot confuso, um homem sensível a quem “custou um bocadinho tirá-la, porque foi um acto consciente”(tirá-la, à gravata). Esta é a verdade, caros ouvintes, o pivot da RTP confundiu o seu espaço noticioso com o Bom Dia Portugal Fim-de-Semana. É que, há cerca de um mês, foi anunciado que o programa matinal do canal 1 passava a ser diário e, ao Sábado e ao Domingo, o “pivot masculino apresentar-se-ia sem gravata”. Ora, José Alberto Carvalho não resistiu, fraquejou: ele livrou-se da gravata em horário nobre. A gravata, mais do que os espectadores, está em choque. E o jornalista justifica-se, dizendo que a maior parte das pessoas a essa hora não deve estar a vê-lo de gravata. Isto é que é optimismo! E crença no progresso e na boa vida! Cerca de 99% das pessoas que eu conheço, às 8 da noite, ainda está presa no local de trabalho entre o computador e o nó da gravata. Mas, tudo bem, eu até aprecio a justificação e proponho que passe a regra. Assim os pivots do Bom Dia Portugal podem surgir nos nossos ecrãs de pijama, pantufas e botija de água quente a tiracolo. Isto, sim, levaria a que olhássemos mais para a substância do que para a aparência, como se deseja na RTP 1. E não creio que o bom gosto deixasse de imperar, tal como receia José Alberto Carvalho. Por nós, “o único símbolo de seriedade” no traje dos pivots bem que podia ser substituído por um peitinho bem depilado ou, em casos especiais de bíceps e tríceps definidos, por uma t-shirt branca de manga à cava.
 

11
Nov07

O que é Nacional é Bonzinho - Iogurtes

condutoras de domingo
Já se fala por aí, à boca pequena, da chegada de uma revolução. Mais precisamente, no mercado dos probióticos. A Comissão Europeia interrompeu os coffee-breaks por uns momentos para se dedicar a um assunto premente: os iogurtes. Muitas das marcas terão de mudar de designação, caso não façam exactamente o que dizem no nome. Diz-se já que a Longa Vida poderá ter os dias contados, se não comprovar cientificamente que contribui para que os consumidores vivam mais. Ora, isto além de parvo, parece-nos inviável. A não ser que pretendam fazer uma sondagem em todos os lares de idosos do país para descobrir se os octogenários preferiam Danone pedaços ou Longa Vida aromas. Além do mais, quando há regras, elas são para todos. Por isso parece-nos que o mundo dos lacticínios está a braços com um grave problema de identidade. Como é que a Adágio vai sobreviver? Das duas uma, ou coloca um trecho musical em andamento lento dentro dos pacotes, ou contrata o poeta das tampinhas da Danone e passa ela a ter adágios populares na embalagem. Será problemático também para a Mimosa ou a Primor, que terão de submeter os seus produtos a rigorosos testes para mostrar que além de leite desnatado levam generosas doses de sensibilidade e ternura. Neste campo, a única dificuldade da Yoplait vai ser provar que não é um insulto em nenhum dialecto africano. Basta percorrer as prateleiras para ver os problemas a crescer: vai ser um processo moroso até provar que há uma vaca que ri ou que aqueles robotzinhos que faziam parte da equipa Actimel existem e têm de facto voz para gritar “L-casei-imunitas!”. Ainda assim, aposto que o caso mais crítico vai dar-se na zona das sobremesas. É que existe uma marca que engana os clientes para lá do que é admissível. Que haja embalagens que dizem “activia por dentro e isso vê-se por fora”, ainda vá… agora haver mousses de chocolate chamadas Bonita Divina, sempre quero ver como descalçam essa bota!

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Todos os domingos na Antena 3, entre as 11:00h e as 13:00h. Um programa de Raquel Bulha e Maria João Cruz, com Inês Fonseca Santos, Carla Lima e Joana Marques.

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Condutoras de Domingo é um programa da Antena 3. Um percurso semanal (e satírico) pelos principais assuntos da actualidade e pelo país contemporâneo.

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