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Mesmo que a notícia que se segue pareça extraída de um folhetim do insólito, a verdade é que pertence a um mundo bem próximo de nós, ali para as bandas da asseada Avenida de Roma, onde pelas ruas se cruzam pessoas, animais, plantas, Zeus e Estrelinha. Não, não me refiro a Zeus, o deus grego supremo, nem a Estrelinha, a personagem da novela da TVI; refiro-me a Zeus, o leão da Rodésia do “jet-seter” João Pedro Campos Henriques, e a Estrelinha, a caniche-anã de um seu vizinho. Zeus e Estrelinha encontraram-se e, numa enorme caturreira, Zeus devorou Estrelinha. Peço, por favor, aos argumentistas deste país que parem de tirar notas para o guião da próxima telenovela e façam um minuto de silêncio em homenagem a Estrelinha, a falecida caniche-anã. (SILÊNCIO breve) Agora que o minuto se passou, a história já pode ser partilhada com todos os que, como eu, sentem o coração pequenino como o de um caniche-anão. Ao que parece, Campos Henriques saiu de casa com Zeus pela trela; Zeus, como seria de esperar, até pelo facto de ter nome de deus que domina tempestades e trovões, rompeu a trela. Estava sem açaime e lançou-se em possante corrida rumo a um alvo do tamanho da sua pata. Era Estrelinha, a caniche-anã, que deve ter sentido uma emoção orgásmica ao ser abocanhada por Zeus. Valha-nos isso, a hipótese de ter morrido feliz. Já Campos Henriques nada fez; citando o dono do caniche, «não mexeu uma palha”. Justificou-se com uma doença cardíaca. Mas eu desconfio, e pensei tanto no assunto que até tenho uma tese para apresentar. Campos Henriques organiza festas, tem uma empresa de catering. Ao ver Zeus de Estrelinha na boca, deve ter percebido que ali estava, diante dele, uma original solução para a festa da semana - acepipes de caniche-anão! Nada de perninhas de rã ou peixe cru. Caniche-anão servido em baixelas do século XVIII. Por isso, faz todo o sentido que Zeus esteja registado como um labrador. São, de facto, cães parecidos, ideais para a caça. O que é que interessa se um se atira a patos mortos no meio de um monte alentejano e o outro se atira a caniches vivos numa praceta da Avenida de Roma?! Nada, e assim se percebe por que razão Campos Henriques não pediu desculpa à família de luto, a mesma que, enquanto se indignava e ia à polícia, se apressou a substituir Estrelinha por Pantufa, outra caniche-anã. A conselho da pediatra da filha pequena dos donos da falecida. Olhem que esta... Nem um médico revela respeito pelos mortos. Restamos nós. Descansa em paz, saudosa Estrelinha.
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